Dos últimos aspetos referenciados pelo estudo da Edelman, como relevante na passagem geracional, estão associados dois desafios que se apresentam a qualquer empresa: problemas de governo e adaptação ao mercado.
Podendo ser analisados de forma independente, podem também ser considerados de ocorrência conjunta, pois uma das principais funções da pessoa, ou órgão, que está ao leme duma organização é a sua adaptação ao meio envolvente.
A sua capacidade de “leitura” do futuro e, consequentemente, a adequada preparação da empresa para conjugar todos os meios necessários para o enfrentar serão dois itens que farão parte da sua história e aos quais as gerações vindouras recorrerão para aprender, avaliar e considerar nas suas tomadas de decisão que influenciarão o seu rumo e continuidade.
Fundada em 1920 pelos três irmãos Costa, as Caves São João, empresa familiar vinícola mais antiga ainda em atividade no concelho de Anadia, dedicavam-se à comercialização de vinhos finos do Douro e licores. Nos anos 30 ultrapassou a interdição da elaboração dos vinhos do Porto fora de Vila Nova de Gaia, passando a produzir espumantes naturais, pelo método “champanhês”, e a comercializar vinhos de mesa da Bairrada e aguardentes. Nos anos 40 dá início ao processo de internacionalização com a exportação de vinhos para o mercado brasileiro e vendas para as colónias portuguesas em África. No final da década de 50 nasce uma das mais célebres marcas de vinhos da região da Bairrada — o “Frei João” e, um pouco mais tarde, uma marca da região demarcada do Dão, o “Porta dos Cavaleiros”. Mais recentemente, com a designação “Reserva”, inova no mercado dos vinhos recorrendo a rótulos de papel revestidos a cortiça natural, uma marca que certamente se vai juntar ao mais de um milhão e meio de garrafas de vinhos velhos, facto que a torna na maior garrafeira deste tipo de vinhos em Portugal. As Caves São João vão na terceira geração: dois primos na gestão da empresa mais Célia Alves, que não pertence à família, estando todos conscientes de que a história e a tradição continuam a ser um aspeto de importância significativa, mas que é necessário estar com os olhos postos no presente para planear e preparar o futuro. |
Temas para reflexão:
• Que desafios nos coloca o mercado?
• A empresa está preparada para os enfrentar?
• O nosso modelo de governo é o mais ajustado a este contexto?
António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.es
Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
Santiago – Porto www.efconsulting.pt
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