Empresários Familiares destacam os catalisadores que afetam os mercados;

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES
Empresários Familiares destacam os catalisadores que afetam os mercados
No mundo atual, os mercados possuem todos uma mesma característica: estão em contínua evolução. Diariamente, surgem pequenos elementos que, quando combinados com muitos outros, provocam mudanças disruptivas; i.e., as empresas que eram tradicionalmente as líderes do setor passam a ser simplesmente mais um operador, quando não desaparecem (a Nokia evoluiu, duma forma fantástica, do setor dos pneus para o mercado dos telemóveis, setor onde foi líder mundial, até ser reduzida a uma insignificância e desaparecer).

A disrupção pode também ser interpretada sob uma outra perspetiva: um processo gradual no qual novos participantes se concentram num mercado, que foi ignorado pelos seus líderes, podendo mudá-lo de tal forma que lhes permite mesmo assumir a sua liderança.
Os participantes no estudo “Empresas familiares da próxima geração: liderando um negócio familiar num ambiente disruptivo”, da Deloitte, consideraram que os seus mercados de atuação tinham como principais catalisadores:
  • Macroeconomia – alterações que geram ameaças aos operadores históricos e oportunidades aos novos;
  • Mentalidade do cliente – interpreta e adapta-se, afetando as preferências de procura;
  • Tecnologia – distintas tecnologias (em sentido amplo) potenciam novas conceções, produtos, abordagens;
  • Plataformas – novas infraestruturas de aproximação ou de contacto facilitam acessibilidade e eliminam intermediários;
  • Políticas públicas – a maior ou menor intervenção dos governos na envolvente dos negócios gera movimentações nos seus operadores.
A identificação destes catalisadores e a sua correta interpretação e consequente ação podem ditar a sobrevivência da empresa.

A 6 de janeiro de 1973, saiu o 1º número do jornal “Expresso”, publicação detida pela Sojornal, empresa criada no ano anterior por Francisco Pinto Balsemão, e que foi a génese do grupo editorial familiar atual IMPRESA. Uma análise sintética, histórica do mercado dos conteúdos e um simples paralelismo com os catalisadores identificados pelo estudo da Deloitte permitem identificar elementos disruptivos:
  • Nasceu numa envolvente de censura de conteúdos que, um ano e meio depois, se alterou para uma total liberdade de expressão e atual significativa autorregulação;
  • As máquinas de escrever e as rotativas foram substituídas por dispositivos eletrónicos e pela impressão e visualização digital;
  • Os conteúdos escritos e a fotografia em papel evoluíram para a convivência com o som e o vídeo;
  • A internet potenciou os conteúdos em tempo real, a sua desmaterialização e facilidade de partilha;
  • Os clientes desejam o tempo real, a participação nos conteúdos, a personalização do que preferem ou não aceder e não suportar custos diretos.
A leitura dos catalisadores externos, por parte da família empresária Balsemão, impulsionou o grupo do jornal a outras publicações segmentadas (jornais, revistas, a maioria delas alienadas no final de 2017), à entrada na televisão, com o canal generalista SIC, e ao surgimento de outros especializados, à digitalização e expansão dos conteúdos por múltiplos canais web, etc. A segunda geração tem participado nesta evolução e certamente que já está a preparar novas (r)evoluções.


Temas para reflexão:

  • Quais os principais catalisadores do setor onde desenvolvemos o nosso negócio?
  • Estamos a interpretar adequadamente esses indiciadores evolutivos, transformando-os em oportunidades?
  • Nos últimos tempos surgiram novos players no mercado que aproveitaram brechas causadas por esses elementos?


António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.pt
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Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
Porto   http://www.efconsulting.pt
 

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