EDP pretende investir 17 mil milhões na transição energética;

Vida Económica - Qual é a estratégia da EDP em termos de transição energética e sustentabilidade e respetivas metas?
Vera Pinto Pereira - A EDP quer liderar a transição energética nas quatro regiões globais em que está presente. É por isso que a empresa pretende investir 17 mil milhões de euros na transição energética até 2026, sendo que 2,5 mil milhões de euros serão aplicados em projetos de energia solar distribuída, para famílias e empresas, dando assim um contributo decisivo para a transição energética.

VE - E a nível ibérico e europeu?
VPP - A EDP detém já uma posição de liderança a nível europeia no domínio de geração solar descentralizada, operando nesta área em 17 países a nível global. Em todo o mundo, o grupo EDP já instalou cerca de 2 GWp de capacidade solar distribuída em clientes empresariais e residenciais. Na Península Ibérica, mais de 145 mil famílias escolheram a EDP para instalar painéis solares nas suas casas.

VE – Quais são as grandes metas’
VPP - Até ao fim desta década, a EDP pretende ser 100% verde e até 2040 ser neutra em carbono em toda a cadeia de valor.
 
 Bairros Solares

VE – Em que consiste o conceito “bairros solares” e que projeção estão a ter?
VPP - Os Bairros Solares são comunidades de Autoconsumo Coletivo onde se produz e partilha energia solar e por isso renovável entre os seus membros. Cada bairro é constituído por produtores e vizinhos. Os produtores, que podem ser uma empresa, um pequeno negócio ou até um prédio residencial, cedem o espaço de telhado ou terreno que tenham livre para a instalação de painéis solares. Essa central solar vai produzir energia limpa para aquele produtor, mas também para vizinhos que se encontrem nas imediações. Isto só é possível porque o produtor cede espaço que tenha a mais para que a EDP possa instalar uma central de maior dimensão e, com isto, levar a transição energética a mais pessoas.
Assim, os vizinhos - famílias ou empresas que estão perto daquele produtor - passam a usufruir da criação daquela comunidade, beneficiando através de um desconto na eletricidade que autoconsumirem e que foi produzida pelo bairro, apenas por aderirem a esta comunidade, o que não tem qualquer custo.

VE – Essa solução democratiza o acesso à energia?
VPP - Apesar do recurso inesgotável que é o sol e de existir a tecnologia necessária para a capturar, muitas famílias e empresas não podem aproveitar os seus benefícios por não terem espaço disponível onde instalar os painéis ou recursos financeiros para fazer este investimento. A EDP acredita que, para que a transição energética seja justa e envolva cada vez mais pessoas, é fundamental desenvolver comunidades como esta, partilhando os benefícios com famílias e pequenos negócios vizinhos. Esta é por isso uma solução que está a democratizar o acesso à energia solar, enquanto acelera a transição energética do nosso país.

Mais de 3400 bairros solares
 
VE – Qual é a capacidade máxima instalada?
VPP - A EDP acaba de anunciar o maior bairro solar criado em Portugal, com capacidade de 5,1 MWp e mais de nove mil painéis solares. Este Bairro Solar EDP foi criado em parceria com o Grupo Fundação AIP, que vai ceder os telhados da Feira Internacional de Lisboa (FIL). Esta instalação vai permitir tornar os edifícios praticamente autossuficientes durante o dia e partilhar os benefícios com mais de cinco mil vizinhos. Ao longo de uma área de 44 mil m 2 , os painéis deverão produzir cerca de 6,8 GWh/ano e evitar anualmente 1.250 toneladas de CO2, o equivalente às emissões de dióxido de carbono que seriam captadas por cerca de 57 mil árvores.
Este projeto junta-se aos mais de 3400 Bairros Solares EDP já contratados e em desenvolvimento que, quando estiverem todos em operação, adicionarão mais de 100 MWp à transição energética do país vão beneficiar mais de 90 mil vizinhos.
 
VE – Que custos e vantagens tem para particulares e empresas e qual o apoio da EDP?
VPP - A EDP responsabiliza-se por todo o investimento no projeto, assim como pela manutenção e operação dos painéis. Também a angariação dos vizinhos, licenciamento e gestão destas comunidades são responsabilidade da EDP.
Ao cederem o espaço, os produtores produzem e gerem a sua própria eletricidade, enquanto promovem a independência energética, a resiliência local e o envolvimento da comunidade, partilhando a energia excedente com os vizinhos aderentes.

VE – Qual é a poupança máxima?
 VPP - O produtor consegue alcançar poupanças de mais de 60% no custo com a eletricidade proveniente dos painéis, enquanto reduz a pegada ambiental e contribui ativamente para a transição energética do nosso país. Os vizinhos, por sua vez, poderão ter uma poupança de até 35% na eletricidade que consomem a partir daquele bairro, enquanto contribuem para a transição energética do seu bairro, apenas por aderirem gratuitamente a esta comunidade, através do site da EDP Comercial.
As comunidades de energia são uma das soluções que pode ter um dos papeis mais interessantes na transição energética, aumentando o consumo de energia renovável, descentralizando a produção desta mesma energia e, por fim, fazendo com que esta transição seja mais justa e inclusiva.
 
EDP assume a totalidade do investimento

VE – De que forma é assegurada a manutenção e assistência dos equipamentos?
 VPP - A EDP é responsável pelo investimento, pela instalação realizada por técnicos certificados e especializados, pela manutenção e pela operação dos painéis, bem como por todo o processo de angariação de vizinhos e gestão destas comunidades.
 
VE – Que tipo de financiamentos existem?
 VPP - A EDP assume a totalidade do investimento nos Bairros Solares. O produtor apenas tem de ceder o espaço para que estes sejam instalados.
 
VE – Pode dar um exemplo de um investimento e quando este se torna rentável?
 VPP - Não tendo qualquer investimento inicial, o cliente da EDP em que foram instalados os painéis começa a sentir poupanças económicas a partir do momento em que os painéis estão a produzir energia para o seu autoconsumo.