O grande desafio da sucessão na empresa familiar;

Reflexões sobre Empresas Familiares
O grande desafio da sucessão na empresa familiar
Um dos maiores desafios que enfrenta qualquer empresário é o de assegurar a continuidade no negócio para as próximas gerações. Sendo extremamente relevante, a sucessão irá assumir uma de duas grandes hipóteses: bem ser ou mal concretizada.
Para assegurar esta última e mais penalizadora das ocorrências, é suficiente não fazer nada – os acontecimentos vão ocorrendo e, quando menos se espera, o negócio tem de ser alienado ou fechado.
A outra opção, que incrementa enormemente as probabilidades de sucesso, implica muito trabalho, planeamento, dedicação e consciência de que a continuidade envolve duas grandes áreas e muitas questões associadas:
• Liderança – que perfil deve ter o futuro líder da empresa? Quem o possui ou pode desenvolver? Da família ou externo à mesma? Quando abandonar e quando assumir?
• Propriedade – quem irá deter uma quota parte da sociedade? Em partes igualitárias ou distintas? Quando e com que obrigações entregar e assumir?
Se ainda não temos respostas para estas questões, é o momento oportuno de as começar a enfrentar.

O mês de janeiro de 2011 foi muito profícuo para os media em conteúdos relacionados com a família e o império de Stanley Ho. Num dos dias o empresário dá uma entrevista informando da transferência para a sua família de uma posição de cerca de 32% na Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, “holding” que controla 56% da SJM, que, por sua vez, controla cerca de 20 casinos de Macau. Nessas declarações o multimilionário, acionista da Estoril Sol, diz que “o grande problema está resolvido”.  “Eu e os meus familiares estamos muito satisfeitos, porque tomámos uma decisão”, disse Ho, ao lado da sua terceira mulher e duma filha.
No dia seguinte, os seus advogados acusam a família de se ter apropriado de forma fraudulenta das suas ações. Apesar de a SJM ter informado o mercado que Stanley tinha transferido a sua participação na STDM para duas empresas detidas por membros da família.
Os advogados argumentaram que quando Ho assinou os documentos não estava consciente dos efeitos. “O que realmente o transtorna é que ele ainda nem sequer está morto, mas a sua família já disputa os bens que ainda são seus”, afirmou um desses causídicos.
Instalado em Macau desde 1941, após ter fugido da invasão e ocupação japonesa à sua terra natal, Ho começou o seu império do jogo em 1962, com parceiros, garantindo o monopólio deste negócio em Macau, até 2004, ano em que o Governo macaense decidiu abrir o mercado.
Não sendo uma família típica portuguesa, apresenta algumas particularidades que se podem reconhecer de forma mais isolada em famílias empresárias:
• O filho varão, Robert Ho, faleceu em 1981 com sua mulher num acidente rodoviário em Portugal.
• O empresário tem 17 filhos de quatro mulheres. Entre eles está Pansy Ho que celebrou uma parceria, em Macau, com a concorrente do pai a MGM Resorts Internacional.
• A sua quarta mulher, Angela Leong, era administradora delegada da Sociedade de Jogos de Macau, tendo assumido o cargo devido ao longo período de convalescença de Stanley, e assumido também o controlo de 10% das ações da SJM.
• Chan Un-chan, considerada a sua terceira mulher, e os filhos Pansy, Daisy, Maisy, Josie e Lawrence (cuja mãe é a segunda mulher de Ho), têm o controlo da Lanceford Co., a maior participada da STDM.


Temas para reflexão:
• Já pensamos na temática da continuidade da nossa empresa?
• Identificamos e preparamos pessoas para liderar o negócio?
• Como planeamos a distribuição da propriedade pela família?

António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.es
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Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
Santiago – Porto   www.efconsulting.pt

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