Empresas flexíveis conseguem ser mais produtivas;

Jorge Fonseca, diretor da George, considera
Empresas flexíveis conseguem ser mais produtivas
“Hoje há um grande défice de colaboradores em idades jovens nas empresas porque não valorizam a sua vida pessoal”, afirma Jorge Fonseca.
Os alunos Rita Cardoso e Etiandra Júlio, do 12º ano do Colégio Horizonte, e Eduardo Lira e Emanuel Ferreira, do 11º ano do Colégio dos Cedros, entrevistaram Jorge Fonseca, diretor da George, consultora de Recursos Humanos. O objetivo foi saber qual é a tendência do mercado de trabalho, tanto para empresas como para colaboradores.
O segredo, para as pessoas, sobretudo jovens, está em escolherem bem a carreira profissional que querem abraçar e, para os empregadores, tornarem o emprego ajustável à nova geração de talentos, com flexibilidade laboral.

Vida Económica - Como vê a evolução dos modelos de trabalho remoto e híbrido no cenário atual?
Jorge Fonseca -
Quem trabalha numa cadeia de lojas é difícil para trabalhar a partir de casa, porque tem que ter relação com os clientes, tem que estar nas lojas. O médico pode fazer algumas consultas de forma remota, mas depois há que ver os doentes “in loco”.
Mas há pessoas que trabalham praticamente só a partir de casa na área das tecnologias, programadores, tudo o que tenha a ver com design digital. Na área técnica do digital, há muita gente que trabalha a partir de casa.
Há muita gente a trabalhar com sucesso a partir de casa uma grande parte do tempo e vai ao escritório dois dias por semana, até para se relacionar com os colegas, para debater cara a cara com os colegas.

VE - Depende das áreas. Uma em que há muita procura é, por exemplo, a das tecnologias, tudo o que tenha a ver com o digital?
JF -
A área das engenharias e das tecnologias são áreas com muito potencial, em que há muita falta de mão de obra e por isso, qualquer pessoa que se forme numa qualquer área de engenharia ou na área das tecnologias tem muitas opções de emprego. Aliás, os empregos cada vez mais bem pagos pertencem ao mundo tecnológico.
Apesar de serem áreas muito valorizadas, há que estar constantemente a aprender porque o mundo está a evoluir e há uma necessidade muito grande de estar constantemente apto dentro das novas tendências de cada setor. É assim como os médicos, os arquitetos e muitas outras profissões.
Um qualquer profissional, para não ficar para trás, tem que ser um eterno aprendiz e que estar a par das últimas tendências, ler constantemente o que se passa na sua área de especialização, exatamente como fazem os médicos na sua área. Saí da faculdade e vou continuar a ter que estudar na área da auditoria. Se quiser continuar como auditor, vou ter que continuar a estudar. É o que se está a passar na área das tecnologias.
Temos que acompanhar a evolução e por isso a leitura de revistas da nossa área e de livros da nossa área, novas tendências etc.. Hoje, a pessoa sai da faculdade e vai continuar a reciclar conhecimentos.
Isto é mesmo imperativo. Cada vez mais, quem ficar para trás está fora do mercado, basicamente não está apto.
Daí as novas tendências em cada área. Hoje, trabalhar com computadores é crítico. O falar línguas e falar inglês é cada vez mais crítico, etc.

VE - Que desafios e obstáculos acha que os trabalhadores poderão encontrar no futuro?
JF –
O maior desafio é iniciar uma profissão e gostar dela.
É ter gosto em aprofundar o seu conhecimento na área para onde foi trabalhar. O problema que acontece muitas vezes no mercado de trabalho é a pessoa tirar um curso, por exemplo de arquitetura, e passados dois, três anos perceber que a arquitetura não é aquilo que gosta.
Cada um escolhe uma profissão, mas tem que se sentir bem na profissão. Gostar de ser médico ou de ser advogado implica investir forte todos os dias, todos os anos, no aumento do seu conhecimento. Os obstáculos, muitas vezes, é que a pessoa escolhe a carreira errada ou escolhe um negócio que não tem muito a ver consigo.
A melhor forma de escolher é, por exemplo, presenciar como um familiar exerce a sua profissão.
Para mim é muito importante a pessoa, antes de enveredar por uma carreira possível, até durante o curso, fazer pequenos estágios nos negócios que gostaria vir a estar a ver se o “chapéu” lhe serve.

VE – Como a George Career Change incentiva o crescimento e a qualificação contínua dos seus próprios consultores? Existe algum programa de treinamento específico ou incentivo para a melhoria profissional?
JF -
Eu tenho uma parceria com duas empresas espanholas, uma que faz exatamente o mesmo que eu e com quem falo frequentemente e tenho duas três reuniões presenciais anuais em Madrid e por isso é um parceiro de Madrid.
Tenho também uma outra empresa de recrutamento espanhola que quer atrair os candidatos através das redes sociais profissionais com quem eu falo, assim como empresas que fazem o mesmo que eu no Brasil e para além de que eu vou constantemente a conferências não só em Portugal, como em Lisboa, mas também em Madrid.
Leio jornais e revistas na área e tento estar ao par do que se faz de melhor na minha área de especialização. A coisa que eu posso levar daqui é que eu faço aquilo que gosto e dá-me um imenso prazer ajudar pessoas que estavam no desemprego. Há quase dois anos que eu ajudo as pessoas a tirar do desemprego ou a deixar um cheque com que não se identificam.

Conciliar o emprego com a vida das pessoas

VE – Qual é a abordagem da empresa para entender e adaptar-se às rápidas mudanças no mercado de trabalho e às novas demandas de  competências?
JF –
Hoje em dia há imperativos que vão na tentativa de conciliar o emprego com a vida das pessoas. Parece me que há uma certa resistência dos empregados, como aqui em Portugal, em aderir às diretivas comunitárias. Mas como, cada vez mais, as pessoas que têm entre os 20 e 30 e poucos anos, começam a valorizar a sua vida pessoal, por isso, as empresas que não  sejam abertas a simplificar a vida pessoal dos seus colaboradores arriscam-se a perder esses colaboradores. De facto, hoje há um grande défice de colaboradores em idades jovens nas empresas porque não valorizam a sua vida pessoal. Por isso, empresas que não sejam flexíveis têm esse handicap.

VE – Quais as vantagens e desvantagens que a George observa nesses modelos de trabalho e flexibilidade, tanto para empresas como colaboradores?
JF -
Trabalhar um dia a partir de casa valoriza e até aumenta a produtividade. Poupa-se os tempos de transporte, que são o tempo que ninguém ganha e consegue aproveitar-se esse tempo em prol da empresa. Para além de que as empresas têm tudo a ganhar, que os colaboradores estejam mais satisfeitos possíveis nas suas funções no trabalho pouco mais de atenção, se quiserem de pôr no quadro para as suas ideias.

ETIANDRA JÚLIO, RITA CARDOSO, EDUARDO LIRA E EMANUEL FERREIRA - agenda@grupovidaeconomica.pt, 30/10/2024
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