O coronavírus está a obrigar as empresas familiares a hibernar;

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES
O coronavírus está a obrigar as empresas familiares a hibernar
Hibernar é um estado de inação que associamos ao inverno do urso ou à ociosidade do computador. O ataque fulminante da COVID-19 está a levar as empresas familiares a um interregno da sua laboração, algo a que o empresário, os colaboradores, os clientes, os fornecedores e até o próprio Estado nunca consideraram.
 
Este estado calamitoso vai obrigar as análises SWOT e os próprios modelos de negócio a considerar uma nova variável na componente de ameaças: “fatores originadores de hibernação”.
Certamente que não saberemos previamente quais e quando serão acionados esses “gatilhos”, quanto tempo durarão, … mas, tal como as bruxas, que os HAVERÁ, HAVERÁ.
Em poucos dias as prioridades de cada um alteraram-se:
  • a corrida para a escola e emprego deu lugar ao ficar em casa para efetuar teletrabalho ou participar nas teleaulas, como o estão a fazer o IPMAIA ou a Universidade Católica;
  • as idas ao café restringiram-se à apreciação do café em cápsulas como é o da Delta; 
  • os centros comerciais fecharam e as visitas rotineiras aos supermercados passaram a estar sujeitas a filas com “distanciamento social” como o sugerido e demarcado pela Mercadona, no acesso à entrada do edifício;
Este último exemplo leva a recordar as memórias dos nossos pais, quando falavam do período da e do pós-II Guerra Mundial, que evocam as senhas de racionamento e as filas para o pão.
O que despoletou este cenário impensável não foi uma guerra tradicional, mas um microscópico vírus que, em poucas semanas, se alastrou a todo o globo, obrigando à alteração global dos hábitos das pessoas e das empresas. 
Algo impensável e só possível no imaginário da ficção científica, como a protagonizada pelo filme “Contágio”, de 2011 e pelas mãos de Steven Soderbergh, no qual a paciente zero regressa a casa engripada, depois de uma viagem de trabalho a Hong- Kong, morrendo após uma convulsão e, de seguida, o seu filho. A história retrata a propagação de um vírus mortal (MEV-1) que leva a sociedade a entrar num completo descontrolo, com o receio de uma “mão invisível”, com uma taxa de mortalidade superior a 20%. 
Tal como no filme, na vida real, os cientistas também estão à procura de uma cura, contudo, as pessoas estão a reagir de uma forma oposta, ordenada, racional e muito longe de qualquer descontrolo. Por outro lado, as empresas estão num grande movimento para auxiliar no combate a esta batalha. A título de exemplo, seguem algumas atuações, bem distintas, de fantásticas empresas familiares no apoio a esta causa:
  • Conceição Dias, empresária líder da Sonix, decidiu reorientar uma das suas unidades industriais para a produção de máscaras e gel desinfetante;
  • André e Nuno Vieira de Castro passaram a trabalhar com equipas divididas, em dias alternados, e disponibilizaram as máscaras, que a Arga Tintas comercializa para utilização pelos pintores, para profissionais da saúde;
  • Helena Resende, proprietária da Taberna do Joaquim, apesar de reconhecer a fidelidade dos seus clientes, que lhe solicitaram a sua continuidade, decidiu deixar de servir refeições, no primeiro concelho a decretar o estado de emergência e a ”fechar fronteiras”;
  • Eugénio Santos, acionista e líder da Colunex, para além de fechar a empresa, escreveu um fantástico artigo de consciencialização dos empresários subordinado ao título “Quantas vidas vale a sua empresa?”, publicado no jornal de negócios de 17 de março;
  • Vítor Magalhães, sócio de múltiplas empresas familiares e presidente do Moreirense, doou dez ventiladores ao Hospital Senhora da Oliveira, de Guimarães.
Cada empresa familiar e seus líderes, segundo os seus julgamentos e com vontade de rapidamente deixarem de hibernar e voltarem à “normalidade”, cada um de nós, com a consciência de que temos de nos enclausurar para mais tarde voltar a viver em família e a socializar.
Por último, tendo presente alguns dos “sinais vitais” do planeta Terra – os ursos a terminarem a hibernação mais cedo em cerca de 1 mês, aumento contínuo dos gases com efeito de estufa, a temperatura mais alta dos últimos 120.000 anos –, permitam uma simples interrogação:
Ferido de morte, não será esta uma reação natural do planeta Terra para lutar pela sua / nossa sobrevivência?

Temas para reflexão:
  • Os valores das nossas empresas estão em sintonia com as nossas atuações neste caso de pandemia?
  • As nossas atuações individuais estão concertadas e focadas no objetivo maior que é o bem de todos?
  • O futuro voltará a ser uma continuidade do passado próximo? 

António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.pt
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@empresasfamiliaresdesucesso
 

Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
http://www.efconsulting.pt
 
 
 


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