Trabalho sem empregos
O trabalho no presente e no futuro vai ter cada vez menos empregos no conceito que surgiu na Revolução Industrial e que conhecemos ao longo de muitas dezenas de anos.
A visão de Ravin Jesuthasan - que irá estar em Portugal entre os principais oradores do próximo QSP Summit - destaca uma nova tendência, com uma diminuição significativa do trabalho dependente e um peso cada vez maior do trabalho independente.
A visão de Ravin Jesuthasan - que irá estar em Portugal entre os principais oradores do próximo QSP Summit - destaca uma nova tendência, com uma diminuição significativa do trabalho dependente e um peso cada vez maior do trabalho independente.
A mudança é drástica para um país como o nosso onde as normas laborais são bastante rígidas e quase intocáveis.
Para o autor do livro Trabalho sem Empregos é necessário desconstruir, ou seja, “demolir” o conceito de relação de trabalho. Os princípios essenciais como os horários, o local fixo de trabalho, ou a “propriedade” do posto de trabalho que tem sido atribuída ao trabalhador, estão a dar lugar aos resultados, aos projetos, à participação com novas forma de trabalho dentro e forma das organizações.
Em todos os países está a haver um aumento significativo de pessoas que trabalham sem patrão. O crescimento do trabalho qualificado em contraponto com a redução do trabalho indiferenciado envolve mais profissionais por conta própria e pessoas que prestam trabalho às empresas e organizações com as quais não têm um vínculo laboral no conceito tradicional.
A maior autonomia, a qualificação acrescida, a independência e as remunerações mais elevadas têm como reverso da medalha a menor proteção ou a ausência de segurança face ao conceito tradicional.
As empresas, os trabalhadores e os sindicatos estão preparados para a nova realidade do trabalho sem empregos?
O trabalho dependente do conceito tradicional apresenta três vantagens importantes na perspetiva dos trabalhadores. Proporciona retribuições certas e previsíveis. Assegura proteção sob a forma de descontos para a reforma, baixas por doença, férias remuneradas, formação profissional, com encargos suportados em grande parte pelas entidades empregadoras. E permite aos empregados ter uma organização para criticar, ao dar a possibilidade a cada um de contestar a ação do seu chefe ou dos colegas mais próximos.
No conceito de trabalho independente as remunerações são menos certas, pode faltar a organização que assegura a proteção, e deixa de haver a organização para criticar.
Portugal ainda é um dos países da Europa com uma percentagem mais baixa de trabalhadores independentes, o que também explica o nível modesto de salários que se praticam. E a Europa também está bastante atrás de países como o Canadá, ou os Estados Unidos, onde o numero de independentes já representam quase 40% da força de trabalho.
Ao contrário que pode parecer à primeira vista, o trabalho sem empregos não reduz o papel nem a intervenção dos sindicatos. É certo que os sindicatos têm preferência por trabalhadores com direitos. E é por isso que em Portugal os sindicatos da Função Pública são mais fortes e mais representativos do que os sindicatos do setor privado.
Mas, a redução do trabalho dependente abre novas oportunidades aos sindicatos para aumentar a relevância e defender os interesses dos trabalhadores com mais qualificação e mais autonomia.
Em Portugal, apesar da predominância do trabalho independente, a representatividade dos sindicatos tem vindo a cair ao longo do tempo, atingindo os valores mais baixos de sempre.
Nos Estados Unidos, e apesar do aumento do trabalho independente, há sindicatos do setor privado com o maior numero de filiados de sempre.
Para o autor do livro Trabalho sem Empregos é necessário desconstruir, ou seja, “demolir” o conceito de relação de trabalho. Os princípios essenciais como os horários, o local fixo de trabalho, ou a “propriedade” do posto de trabalho que tem sido atribuída ao trabalhador, estão a dar lugar aos resultados, aos projetos, à participação com novas forma de trabalho dentro e forma das organizações.
Em todos os países está a haver um aumento significativo de pessoas que trabalham sem patrão. O crescimento do trabalho qualificado em contraponto com a redução do trabalho indiferenciado envolve mais profissionais por conta própria e pessoas que prestam trabalho às empresas e organizações com as quais não têm um vínculo laboral no conceito tradicional.
A maior autonomia, a qualificação acrescida, a independência e as remunerações mais elevadas têm como reverso da medalha a menor proteção ou a ausência de segurança face ao conceito tradicional.
As empresas, os trabalhadores e os sindicatos estão preparados para a nova realidade do trabalho sem empregos?
O trabalho dependente do conceito tradicional apresenta três vantagens importantes na perspetiva dos trabalhadores. Proporciona retribuições certas e previsíveis. Assegura proteção sob a forma de descontos para a reforma, baixas por doença, férias remuneradas, formação profissional, com encargos suportados em grande parte pelas entidades empregadoras. E permite aos empregados ter uma organização para criticar, ao dar a possibilidade a cada um de contestar a ação do seu chefe ou dos colegas mais próximos.
No conceito de trabalho independente as remunerações são menos certas, pode faltar a organização que assegura a proteção, e deixa de haver a organização para criticar.
Portugal ainda é um dos países da Europa com uma percentagem mais baixa de trabalhadores independentes, o que também explica o nível modesto de salários que se praticam. E a Europa também está bastante atrás de países como o Canadá, ou os Estados Unidos, onde o numero de independentes já representam quase 40% da força de trabalho.
Ao contrário que pode parecer à primeira vista, o trabalho sem empregos não reduz o papel nem a intervenção dos sindicatos. É certo que os sindicatos têm preferência por trabalhadores com direitos. E é por isso que em Portugal os sindicatos da Função Pública são mais fortes e mais representativos do que os sindicatos do setor privado.
Mas, a redução do trabalho dependente abre novas oportunidades aos sindicatos para aumentar a relevância e defender os interesses dos trabalhadores com mais qualificação e mais autonomia.
Em Portugal, apesar da predominância do trabalho independente, a representatividade dos sindicatos tem vindo a cair ao longo do tempo, atingindo os valores mais baixos de sempre.
Nos Estados Unidos, e apesar do aumento do trabalho independente, há sindicatos do setor privado com o maior numero de filiados de sempre.
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