Agências de viagens tornam-se mais competitivas com a Inteligência Artificial;

Agências de viagens tornam-se mais competitivas com a Inteligência Artificial
Para Pedro Costa Ferreira, os agentes do setor têm um papel crucial na preservação dos recursos naturais.
“O investimento em tecnologia, como a IA, não é mais opcional para quem quer permanecer competitivo” - afirmou Pedro Costa Ferreira. Num setor em constante transformação, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) alertou para a necessidade de adaptação e modernização.
 
Para as agências de viagens, a integração de soluções tecnológicas deve ser gradual, mas consistente, para que todas as empresas, independentemente do seu tamanho, possam beneficiar de processos mais eficientes e de uma maior capacidade de personalização do atendimento - referiu Pedro Costa Ferreira.
No Congresso da APAVT que decorreu há dias em Huelva, foi destacada a importância da cooperação e sustentabilidade para o futuro do turismo em Portugal. Perante uma audiência de mais de 600 profissionais do setor, a intervenção de Pedro Costa Ferreira foi marcada pela defesa de uma visão colaborativa e pela sua mensagem de união entre todos os agentes do turismo, um dos setores mais relevantes para a economia portuguesa.
Com o tema “Cidade APAVT”, Pedro Costa Ferreira sublinhou o papel da associação como uma comunidade onde diferentes empresas se encontram para partilhar ideias e soluções que beneficiem o setor como um todo. Segundo referiu, “O tema do congresso de Huelva lembra-nos que estamos todos na mesma cidade, tanto na Distribuição, no Turismo, como na Sociedade em geral. É muito mais o que nos une do que o que nos separa”. Essa ênfase na união foi vista como um convite a um setor tradicionalmente competitivo a reavaliar as suas práticas e buscar sinergias para alcançar um crescimento sustentável
O impacto da sustentabilidade no turismo foi outro tema central. O presidente da APAVT abordou a importância de promover práticas mais responsáveis no setor, especialmente num contexto de preocupações ambientais crescentes. “Não se trata apenas de turismo, mas de que tipo de turismo queremos para o futuro”, frisou. Defendeu que os agentes do setor têm um papel crucial na preservação dos recursos naturais e na promoção de um turismo que valorize o ambiente e as comunidades locais.
O Congresso em Huelva também analisou as tendências de viagens dos portugueses, que têm demonstrado um aumento constante tanto nas viagens internas quanto nas internacionais. Para Pedro Costa Ferreira, esta tendência representa uma oportunidade para as agências de viagens e para o setor do turismo nacional, mas também vem acompanhada do desafio de adaptar as ofertas às novas preferências dos consumidores, cada vez mais exigentes e atentos à qualidade e à experiência que lhes é proporcionada.
O tom positivo e inclusivo de Pedro Costa Ferreira foi reforçado ao longo do congresso, que, segundo ele, não é apenas uma reunião anual, mas uma “plataforma de ideias e partilhas”. O evento deste ano reforçou a missão da APAVT de unir todos os agentes do setor num esforço conjunto para tornar o turismo português mais inovador, sustentável e competitivo no cenário global.
 
Turismo continua a crescer

Em 2024, o setor do turismo em Portugal continuou a mostrar resultados robustos. Nos primeiros oito meses do ano, o país registou um total de 55,1 milhões de dormidas, uma subida de 4,1% em relação ao mesmo período de 2023, impulsionada principalmente pelo aumento das dormidas de não residentes. Em agosto, houve cerca de 3,8 milhões de hóspedes, e as dormidas ultrapassaram os 10 milhões, gerando 948 milhões de euros em receitas totais, 7,8% acima do ano anterior.
Em termos de receita, o setor continua a apresentar um impacto significativo na balança de pagamentos. As exportações relacionadas com viagens e turismo acumularam mais de 19,1 mil milhões de euros de janeiro a agosto de 2024, um aumento de 9,8% em comparação com 2023. O peso da atividade turística na economia portuguesa continua elevado, representando uma porção substancial das receitas de exportação do país.

 

 

Salário médio ronda 1700 euros

No setor das agências de viagens em Portugal, os salários podem variar significativamente, especialmente devido à presença de uma componente variável que é frequentemente atrelada ao desempenho e aos objetivos de vendas. Em média, um agente de viagens pode esperar receber cerca de 1.771 euros por mês, mas essa quantia pode ser influenciada pelas comissões sobre vendas. Assim, com uma boa performance, os ganhos podem ultrapassar os 2.500 euros mensais, dependendo das viagens vendidas e do tipo de clientes atendidos
 Em termos salariais, a remuneração média de um agente de viagens varia, podendo situar-se entre os 900 e 1.100 euros mensais para posições juniores e ultrapassar os 1.500 euros em funções mais experientes, como gestores de contas e consultores especializados.
No setor das agências de viagens em Portugal, os salários frequentemente incluem uma componente variável, baseada no desempenho e no cumprimento de objetivos de vendas. Esta estrutura é comum, especialmente para consultores e agentes de viagens, que recebem uma base salarial, mas têm uma parte significativa do rendimento dependente das comissões sobre vendas de pacotes, serviços adicionais e outros produtos turísticos.
Essa abordagem busca incentivar os colaboradores a alcançar metas específicas e a aumentar o volume de negócios da agência, o que é particularmente relevante num setor onde as margens de lucro são tradicionalmente apertadas e a competitividade é alta. Além disso, muitas agências também implementam bónus anuais ou trimestrais, que variam conforme o cumprimento dos objetivos estabelecidos. Esta componente variável pode representar uma parcela significativa do rendimento final dos colaboradores mais experientes ou com desempenho destacado.

Salários são semelhantes em Portugal e Espanha
 
A comparação entre os dois países revela que, embora os salários médios em Portugal e Espanha sejam semelhantes, a estrutura das remunerações pode diferir devido à variabilidade das comissões. Em ambos os mercados, a componente variável é comum e influencia significativamente o rendimento total dos profissionais. Em Portugal, o foco em comissões é mais relevante, especialmente em agências que operam em segmentos de alto valor.
Paulo Portas atribui prioridade ao crescimento económico e ao turismo
Cooperação entre setor público e privado é fundamental


“Para continuar competitivo, Portugal precisa de se alinhar com as tendências globais e reforçar as suas redes de transporte e logística” - disse Paulo Portas. No congresso da APAVT, Paulo Portas destacou a importância de Portugal se adaptar ao cenário global, com uma visão estratégica que priorize o fortalecimento económico e o turismo. O ex-vice-primeiro-ministro abordou os desafios que o país enfrenta no contexto europeu e mundial.  Segundo referiu, as empresas portuguesas precisam de investir em inovação e digitalização para acompanhar as exigências do mercado internacional, enfatizando também o papel crucial do setor do turismo para a economia nacional.
Paulo Portas alertou para a importância da cooperação entre setores públicos e privados e a necessidade de criar uma imagem de Portugal como um destino turístico moderno e sustentável, capaz de atrair tanto investidores quanto visitantes. A intervenção de Portas também incluiu uma análise dos efeitos económicos da pandemia no setor do turismo e destacou o impacto positivo que eventos como o congresso da APAVT podem ter para promover destinos fora de Portugal, como Huelva, ao abrir portas para parcerias estratégicas na indústria do turismo.

 

Pedro Machado assume compromisso do Governo com apoio à resiliência das empresas
Turismo é uma das principais fontes de receitas e geração de emprego

“O sucesso do turismo português depende de uma aposta estratégica em tecnologia e sustentabilidade, pilares fundamentais para a competitividade internacional” - considerou Pedro Machado.
No congresso da APAVT em Huelva, o secretário de Estado do Turismo de Portugal, destacou a importância do turismo como motor de crescimento econômico e as oportunidades de cooperação com a Espanha. Pedro Machado enfatizou que o turismo é uma das principais fontes de receitas e geração de emprego, sublinhando o compromisso do governo com medidas que apoiem a resiliência das empresas e a adaptação às novas tendências.
Entre os temas debatidos, Pedro Machado realçou o papel da transformação digital e da sustentabilidade no futuro das agências de viagem. Com a digitalização e a inteligência artificial a transformar o setor, referiu a necessidade de integração tecnológica e de práticas sustentáveis para responder às exigências dos turistas e às metas climáticas de Portugal para 2030.
O evento promoveu um diálogo sobre a cooperação ibérica no turismo, com especial foco nas sinergias entre o Algarve e a Andaluzia, explorando uma abordagem que Pedro Machado descreveu como “coopetição”, um equilíbrio entre competição e cooperação. Essa parceria é vista como uma via para enfrentar a sazonalidade e maximizar o fluxo de turistas para ambas as regiões.

 

Quase metade das agências de viagens foram criadas nos últimos 5 anos

Em Portugal, atualmente existem cerca de 2.800 agências de viagens, que empregam aproximadamente 10.000 profissionais. Estas agências têm uma distribuição bastante concentrada nos distritos de Lisboa, Faro e Porto, que juntos representam quase 70% do total. Além disso, 91% das agências são microempresas, e a maioria opera com equipas reduzidas, refletindo a estrutura do setor, que é composta principalmente por pequenas empresas.
Nos últimos cinco anos, houve um crescimento expressivo no setor, com 44% das agências constituídas nesse período. Esse aumento indica uma tendência de diversificação e adaptação às novas demandas dos consumidores, com foco na personalização do serviço e na experiência de compra. Esse movimento de crescimento vem em parte como resposta ao “boom” da procura por viagens após a pandemia, impulsionando não só o volume de vendas, mas também a criação de novas agências.
O rácio de resultados líquidos sobre o volume de vendas no setor das agências de viagens em Portugal pode variar bastante, mas geralmente, este rácio tende a ser relativamente baixo. A rentabilidade média das agências de viagens é frequentemente reportada entre 1% a 5%, dependendo das condições do mercado e da gestão de cada empresa. Por exemplo, dados de 2023 indicam que algumas agências têm registrado lucros líquidos que representam cerca de 2% a 3% do volume total de vendas.
O setor das agências de viagens em Portugal está a viver um momento de crescimento significativo, com um aumento no volume de vendas em torno de 33% em relação aos anos anteriores. Este crescimento pode impactar positivamente os rácios de rentabilidade a médio e longo prazo, caso as agências consigam controlar custos e aumentar a eficiência operacional.
As agências têm vindo a apostar em ferramentas digitais e em estratégias de fidelização para responder às expectativas dos clientes por rapidez e eficiência, sendo essa uma das características que está a definir o perfil atual do setor.
Nos últimos anos, o setor tem revelado uma tendência de concentração, com várias empresas a fundirem-se para ampliar a capacidade de resposta e reduzir custos, criando grupos mais fortes e competitivos, especialmente no segmento corporativo e de incoming. Essa concentração tende a ocorrer em grandes centros urbanos, onde o volume de turismo e negócios é maior, o que ajuda as empresas a consolidarem sua presença no mercado e a melhorarem as margens operacionais.





























 


 

Mais de 80% das agências de viagens são micro empresas

O setor das agências de viagens em Portugal é composto em grande parte por micro e pequenas empresas, com cerca de 86% das agências classificadas como microempresas e 99% abrangendo micro e pequenas empresas. A maioria das agências, apesar de sua dimensão reduzida, tem forte presença nas áreas de turismo de lazer, com um foco significativo em pacotes turísticos para destinos como Cabo Verde e Caraíbas, operando tanto no mercado nacional quanto internacional. Lisboa concentra a maior fatia das empresas (36%) e representa 57% do volume de negócios, seguida por Porto e Faro.
Em termos financeiros, o setor enfrenta desafios, como alta dependência de financiamento externo (76%), principalmente a curto prazo. Em relação à antiguidade das empresas, 41% foram criadas nos últimos cinco anos, indicando um mercado dinâmico e em expansão. Contudo, há uma concentração notável de receita nas empresas mais estabelecidas (com mais de 25 anos), que geram mais de metade da faturação total,
.Recentemente, o setor mostra tendências de consolidação com redes de franchising que ajudam a fortalecer a marca e ampliar a oferta digital. Grupos como o “Mercado das Viagens” têm investido em digitalização e programas de formação para os seus agentes, permitindo que as agências ofereçam mais serviços e obtenham rentabilidade sustentável.

 

Espanhóis representam mais de 30% dos passageiros no aeroporto de Faro

O congresso da APAVT em Huelva destacou a cooperação entre os dois países. A Península Ibérica é o maior destino turístico do mundo. O peso do território da Andaluzia no movimento do Aeroporto de Faro é significativo, dado que muitos passageiros que utilizam este aeroporto vêm da região espanhola. Em 2023, aproximadamente 32% dos passageiros que passaram pelo Aeroporto de Faro eram provenientes de Espanha, com a Andaluzia a constituir a principal origem dentro desse grupo. A proximidade geográfica entre a Andaluzia e o Algarve torna Faro um destino popular para os andaluzes, especialmente durante os meses de verão.


 

30/10/2024
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