Qual o antónimo de Luxemburgo?
O Luxemburgo é um duplo paradoxo.
Primeiro, tem um mercado interno diminuto, cercado por vizinhos poderosos e ambiciosos, sem acesso ao mar e sem recursos naturais. Apesar disso é o país mais rico da EU-14.
Segundo, é também o país mais produtivo da EU-14 apesar de ser o país que tem maior percentagem de portugueses na população activa (± 20%). E em Portugal os portugueses são os menos produtivos da EU-14 (mesmo pior que a Grécia que contudo tem mais desemprego e menos população activa e daí menor PIB per capita).
Primeiro, tem um mercado interno diminuto, cercado por vizinhos poderosos e ambiciosos, sem acesso ao mar e sem recursos naturais. Apesar disso é o país mais rico da EU-14.
Segundo, é também o país mais produtivo da EU-14 apesar de ser o país que tem maior percentagem de portugueses na população activa (± 20%). E em Portugal os portugueses são os menos produtivos da EU-14 (mesmo pior que a Grécia que contudo tem mais desemprego e menos população activa e daí menor PIB per capita).
A produtividade por hora dos portuguesas no Luxemburgo é 2,7 vezes a em Portugal, pelo que se viessem cá a Portugal fazer o nosso trabalho entrariam em fim-de-semana às 17h30 de 3ª feira ou de férias anuais a 21 de Maio (até ao um de Janeiro do ano seguinte…).
Ah, é porque é uma “praça financeira”, dizem os que se concentram em produzir desculpas em vez de resultados.
Só que não é sequer uma desculpa mas uma tonteria. É certo que o sector financeiro pesa muito mais no Luxemburgo que em Portugal. Mas…
Primeiro, em todos os sectores Portugal é muito menos produtivo que o Luxemburgo: financeiro, sem dúvida, mas também na indústria, comércio, outros serviços, etc.
E segundo, a maior diferença de produtividade entre Portugal e o Luxemburgo não está apenas no sector financeiro, mas também em 1) outros serviços (que não financeiros) e 2) no sector primário (incluindo a extração) que em Portugal é apenas 31% da do Luxemburgo. Segue-se depois a construção e o comércio.
Comparando agora Portugal com a EU-14, o deficit de produtividade aumenta à medida que os produtos ou serviços são menos básicos e é mais possível fugir ao trabalho manual através da organização.
Por exemplo nos metais básicos a produtividade portuguesa é 74% da dinamarquesa. Mas já nos produtos fabricados de metais é 40%.
Face à Áustria, nos metais básicos a nossa produtividade é ± 1/2 e apenas 1/3 nos produtos metálicos fabricados.
As percentagens repetem-se face a outros países: EUA, 42% e 31%; ou Suécia, 54% e 37%, respectivamente.
Como se repetem em outras indústrias. Por exemplo na indústria farmacêutica (onde além dos genéricos e subcontratação de fabricação de químicos, há os medicamentos de marca) a produtividade de Israel é 2,6 vezes a nossa e a da Irlanda 7,5 vezes (já corrigida para retirar o efeito das multinacionais que usam a Irlanda apenas por razões fiscais).
Ou seja, à medida que os sectores são menos intensivos em trabalho (onde os ganhos de produtividade são mais difíceis) e mais intensivos em know-how, a produtividade portuguesa “derrapa” crescentemente face à Europeia.
Aquilo em que não há como fugir à presença humana, somos menos piores. Mas naquilo em que aquela pode ser substituída por coordenação e inovação somos… muito piores.
Por isso, Luxemburgo não é equivalente de praça financeira. Luxemburgo é equivalente a organização e gestão.
E daí o seu oposto, o seu antónimo soletra-se: d.e.s.o.r.g.a.n.i.z.a.ç.ã.o.
Blog Instituto Liberdade Económica:
www.institutoliberdadeeconomica.blogspot.com
Ah, é porque é uma “praça financeira”, dizem os que se concentram em produzir desculpas em vez de resultados.
Só que não é sequer uma desculpa mas uma tonteria. É certo que o sector financeiro pesa muito mais no Luxemburgo que em Portugal. Mas…
Primeiro, em todos os sectores Portugal é muito menos produtivo que o Luxemburgo: financeiro, sem dúvida, mas também na indústria, comércio, outros serviços, etc.
E segundo, a maior diferença de produtividade entre Portugal e o Luxemburgo não está apenas no sector financeiro, mas também em 1) outros serviços (que não financeiros) e 2) no sector primário (incluindo a extração) que em Portugal é apenas 31% da do Luxemburgo. Segue-se depois a construção e o comércio.
Comparando agora Portugal com a EU-14, o deficit de produtividade aumenta à medida que os produtos ou serviços são menos básicos e é mais possível fugir ao trabalho manual através da organização.
Por exemplo nos metais básicos a produtividade portuguesa é 74% da dinamarquesa. Mas já nos produtos fabricados de metais é 40%.
Face à Áustria, nos metais básicos a nossa produtividade é ± 1/2 e apenas 1/3 nos produtos metálicos fabricados.
As percentagens repetem-se face a outros países: EUA, 42% e 31%; ou Suécia, 54% e 37%, respectivamente.
Como se repetem em outras indústrias. Por exemplo na indústria farmacêutica (onde além dos genéricos e subcontratação de fabricação de químicos, há os medicamentos de marca) a produtividade de Israel é 2,6 vezes a nossa e a da Irlanda 7,5 vezes (já corrigida para retirar o efeito das multinacionais que usam a Irlanda apenas por razões fiscais).
Ou seja, à medida que os sectores são menos intensivos em trabalho (onde os ganhos de produtividade são mais difíceis) e mais intensivos em know-how, a produtividade portuguesa “derrapa” crescentemente face à Europeia.
Aquilo em que não há como fugir à presença humana, somos menos piores. Mas naquilo em que aquela pode ser substituída por coordenação e inovação somos… muito piores.
Por isso, Luxemburgo não é equivalente de praça financeira. Luxemburgo é equivalente a organização e gestão.
E daí o seu oposto, o seu antónimo soletra-se: d.e.s.o.r.g.a.n.i.z.a.ç.ã.o.
Blog Instituto Liberdade Económica:
www.institutoliberdadeeconomica.blogspot.com