A batata é o tubérculo mais popular do mundo e revolucionou a história da alimentação do povo europeu. Há cerca de 3000 variedades em todo o mundo. Em Portugal, foi inicialmente cultivada em meados do século XVIII em regiões como Trás-os-Montes, Minho e nas Beiras. As invasões napoleónicas no início do século seguinte, com os soldados franceses a trazerem batatas nas suas provisões, ajudaram a divulgar o alimento no nosso país. 

Diz a Porbatata no seu website que a disseminação do consumo da batata no Velho Continente impulsionou um crescimento de 65% da população na Europa Ocidental. Melhor alimentados, mais férteis e mais resistentes a doenças, os países europeus encontraram também a estabilidade social e as condições necessárias para o arranque da revolução industrial.

No século XIX, a batata era o alimento mais importante dos operários nas fábricas, numa altura em que os ingleses também já a tinham levado para a América do Norte, refere a Porbatata, que cita até o filósofo alemão Friedrich Engels que, com Karl Marx, formulou o Manifesto Comunista, que chegou mesmo a comparar a batata ao ferro, por ter um “papel historicamente revolucionário”.

Mas tem sido sempre um produto agrícola indiferenciado em Portugal. E de baixo valor de mercado. Até que a Porbatata – Associação da Batata de Portugal, nascida em 2016, resolveu criar a marca que vai promover a batata portuguesa no mundo.

Esta associação de produtores representa os interesses de toda a fileira a nível nacional e internacional, sem fins lucrativos, e tem como principal missão “divulgar a batata portuguesa como um alimento saudável e diferenciado, com características únicas, no mercado nacional e além-fronteiras”.

 

“Miss Tata” vai “valorizar

a batata portuguesa 

e dar-lhe identidade”

Sandra Pereira, secretária-geral da Porbatata, explica que, “em Portugal, a área ocupada pelo cultivo da batata totaliza 22 mil hectares e a produção média atinge perto de 500 mil toneladas anuais”.

A responsável da Porbatata não tem dúvidas: a marca agora criada – “Miss Tata” – “vai valorizar a batata portuguesa e dar-lhe identidade, algo que não acontece atualmente”. Assume que “é uma marca divertida, dinâmica, que desafia os consumidores com alegria e assertividade” e que, além de tudo, “é portuguesa, com certeza!”. E “tem um carácter coletivo, ou seja, representa todo o setor”. 

A apresentação da nova marca, em finais de novembro, foi transmitida em direto no Facebook da Porbatata. E contou com a presença e participação de João Torres, secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Nuno Russo, secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Berta Redondo Benito, secretária-geral da Europatat, Rui Paulo Figueiredo, presidente do conselho de administração do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa, e de Sérgio Ferreira, presidente da Porbatata.

Durante dois anos, a Porbatata tem em curso um projeto de promoção da batata portuguesa nos mercados externos. França, Alemanha, Espanha, Holanda, Emirados Árabes Unidos, Eslovénia e Angola são os mercados considerados estratégicos.

 

Concurso Internacional 

da Batata Portuguesa em França

Este projeto é apoiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, e prevê um investimento global de 352 988 euros, financiado em 85% pelo FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

Além da criação da marca própria coletiva, estão previstas iniciativas como a presença em eventos internacionais e a realização de ações de promoção. 

À “Vida Económica”, Sandra Pereira revela que “será com a “Miss Tata” que iremos promover a batata nas iniciativas previstas neste projeto, como o Concurso Internacional da Batata Portuguesa em França ou a presença em certames internacionais, que terão de ser, naturalmente, adaptados ao atual contexto de pandemia de Covid-19”. 

Sabendo que “algumas feiras internacionais onde iríamos estar presentes, como a Fruit Attraction ou a Fruit Logística, foram adiadas ou canceladas”, a Porbatata pensa noutros formatos. “Estamos neste momento a trabalhar em soluções alternativas”, afirma Sandra Pereira.

“A exportação é fundamental na estratégia da Porbatata” Fundada a 28 de setembro de 2016, a Porbatata – Associação da Batata de Portugal é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo promover a batata portuguesa como um alimento saudável e diferenciado, destacando as suas características únicas. Esta é a primeira vez que a fileira da batata portuguesa se junta para criar uma imagem coletiva para este produto, apostando na diferenciação e na qualidade. Com sede na zona Oeste, na Lourinhã, representa os interesses de toda a fileira em Portugal e é voz única do setor, unindo a batata semente, a produção, a comercialização e a indústria. Representa mais de metade dos produtores de batata em Portugal e conta com mais de meia centena de associados. Em Portugal, o consumo “per capita” de batata é de 93,6 quilos por ano. É produzida em todo o país, com destaque para as zonas Entre Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beira Interior, Beira Litoral, Oeste, Ribatejo, Península de Setúbal e Costa Alentejana. No total, a área ocupada pelo cultivo deste alimento totaliza 22 mil hectares e a produção média atinge perto de 500 mil toneladas anuais. Em 2019, as exportações de batata somaram 28,5 milhões de euros. Os principais destinos foram Espanha, Alemanha, Holanda, Cabo Verde, França, Bélgica e Luxemburgo.  Para a secretária-geral da Associação, não há outro caminho: “a exportação é fundamental na estratégia da Porbatata, permitindo aumentar a notoriedade, conhecimento, valorização e diferenciação do nosso produto, incrementando a competitividade do setor e a visibilidade internacional”. A meta está traçada: “o que pretendemos é apostar na promoção do produto e dar-lhe valor”.