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REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES

As metas da empresa familiar vs. os objetivos da família empresária

Ao existir uma forte ligação entre a família empresária e a empresa que controla, é expectável que os objetivos de cada uma destas entidades possuam um mesmo alinhamento.
 
Como a grande vontade e desafio dos grupos familiares e das famílias empresárias é assegurar a sua eternidade, esta sintonia deve ser muito mais proeminente quando se pensa em termos de longo prazo e, em especial, em objetivos que devem estar em comunhão quanto:
  • à competitividade e consequente profissionalização da sociedade vs. integração de familiares na empresa;
  • à longevidade vs. sucessão na liderança e na titularidade da empresa;
  • à perenidade da família empresária vs. política de remuneração do acionista e dinâmicas de transações de participações sociais;
  • ao crescimento da família vs evolução da empresa.
O estudo “Global family business survey 2019”, desenvolvido pela Deloitte, em 2019, analisou o nível de alinhamento dos objetivos da empresa e da família, tendo-se verificado o seguinte:
  • não alinhados – 10%
  • alinhados – 35%;
  • parcialmente alinhados: 50%
O alinhamento em pouco mais de um terço dos casos vs. 10% de inexistência de alinhamento, sendo três vezes superior, é de relevar, no entanto era relevante detalhar o nível de sobreposição nos 50% de respostas que dizem que os objetivos estão parcialmente alinhados.
Quanto maior for o nível de sintonia de objetivos destas duas grandes entidades, maior será a sua capacidade de resiliência perante adversidades e a taxa de sobrevivência enquanto negócio detido pela família.

Belmiro de Azevedo foi o grande impulsionador da evolução da empresa de estratificados no grupo em que se transformou a SONAE nos últimos 40 anos.
Da indústria, alargou as atividades a quase todo o tipo de negócios: distribuição (alimentar, desporto, eletrodomésticos e tecnologia, plataforma online, …), imobiliário, turismo, telecomunicações, tecnologias, etc., sendo que uma grande parte sobreviveu e evoluiu e outras, uma minoria, foram alienadas ou desapareceram (banca e consultadoria, por ex.) e rumou pelos caminhos da internacionalização.
O crescimento foi suportado pelo recurso ao sistema financeiro e ao mercado de capitais, o que permitiu que, no seu conjunto e pelo recurso a várias entidades, a família no seu todo se transformasse também no principal acionista de referência do grupo empresarial.
A sucessão na liderança tem vindo a ser assegurada com a presença de membros da família – Paulo e Cláudia – mas em conselhos de administração onde, nas sociedades onde se gera negócio, o nível de profissionalização é exigente e o número de membros não familiares é caraterística comum.
A sucessão na titularidade das participações sociais é assegurada essencialmente pelo recurso a duas entidades: a Efanor, que atua como uma holding familiar que concentra as posições de todos os membros da família Azevedo, e a Fundação Belmiro de Azevedo.
Quanto mais proeminente for o alinhamento de objetivos entre estas duas grande entidades – e, em especial, dos seus principais acionistas ou controladores – e o das sociedades empresariais do grupo Sonae, maior será a probabilidade de uma coexistência pacífica e uma continuidade futura das suas próprias existências.  

Temas para reflexão:
  • Quais são os principais objetivos da nossa família empresária?
  • Quem define as grandes metas da empresa: os sócios ou a sua gestão?
  • Qual o nível de alinhamento e integração dos objetivos da família empresária e da empresa? 

António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
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Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
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António Nogueira da Costa, 10/10/2019
 
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