A família empresária possui um Conselho de Família
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Uma família empresária é, para além de um conjunto de pessoas unidas por laços sanguíneos, uma entidade que incorpora no seu adn um espírito de desenvolvimento e manutenção de negócios.
Esse gene normalmente manifesta-se pela existência de entidades – empresas familiares – dedicadas a atividades comerciais ou, num seu limite, gestão de partes sociais dessas organizações, que competem nos mercados onde se encontram inseridas. A continuidade destas empresas ao longo dos tempos implica uma harmoniosa coexistência de duas realidades: uma empresa bem gerida e sustentável e uma família coesa nas suas vontades e ligação à empresa.
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O estudo da Atrevia (“Os valores e a comunicação na empresa familiar”) constatou, nas entidades que participaram no mesmo, o seguinte:
- 56% já possuem um Conselho de Família operacional,
- 16% estão em trabalho de criação,
A constituição e as funções atribuíveis ao Conselho de Família são partes do Protocolo Familiar (abordado no artigo anterior), versam pontos como o perfil dos membros que compõem o órgão até ao “modus operandi” das respetivas reuniões processos de deliberação, e funções como:
- Ser o principal interlocutor entre a família empresária e a empresa, em especial para temas como o trabalho de familiares na empresa; apoio à resolução de diferendos ou conflitos entre membros da família e que possam ter implicações com a empresa; planeamento da sucessão;
- Formação dos novos familiares (descendentes ou cônjuges);
- Expetativas de rendimentos ou dinâmicas relacionadas com o capital;
- Relação com os meios de comunicação ou entidades que solicitem informação ou intervenções sobre a família empresária.
O Grupo Casais, empresa do setor da construção sedeada em Braga, para assegurar que a família e a empresa se mantêm unidas por laços de afetividade, consciência social e profissionalismo constituam um único bloco, coeso e forte, definiu regras no seu protocolo familiar, que obrigam os seus elementos a colocarem os interesses do coletivo acima dos pessoais. No sentido de estruturar a família empresária, criaram duas estruturas essenciais para a tomada de decisões familiares e de negócio:
A Assembleia Familiar - constituída por Conceição da Silva Gomes, os cinco filhos e cônjuges e respetivos descendentes consanguíneos - órgão que tem como principal missão manter todos os membros da família ligados entre si e à empresa, reforçando a garantia de continuidade da mesma no seio da família e permitindo que todos, mesmo aqueles que não trabalham no Grupo, tenham conhecimento do que se passa no mesmo.
O Conselho Familiar - constituído por descendentes de sangue e que reúne duas vezes por ano – deve:
- assegurar que o protocolo funciona,
- analisar os assuntos de importância para a família na sua relação com a empresa,
- analisar questões relacionadas com a continuidade e sucessão, nomeadamente preparando os mais jovens para assumirem no futuro o destino da empresa e decidir sobre os cursos de formação e em que departamentos serão colocados os futuros sucessores,
- resolver conflitos sobre assuntos como contratação, despedimentos e distribuição de remunerações suplementares
Temas para reflexão:
- Como organizamos as decisões na nossa família empresária?
- Criar uma estrutura como o Conselho de Família será ajustado à nossa realidade?
- Quem poderia fazer parte do Conselho de Família e que funções deveria assumir?
António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
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Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
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