Como investir bem o maior prémio do Euromilhões?
Um possuidor de 190 milhões de euros de capacidade financeira deve certamente pensar numa estratégia de investimento. Esta quantia representa o prémio máximo do Euromilhões que pode ser seu já nesta sexta-feira. Para conquistar o “super draw” de 190 milhões existem estatísticas que o podem ajudar com os números. Basta visitar os sites especializados e verificar, por exemplo, quais os “números frios” e os “números quentes” para o ajudar na aposta.
Caso seja o sortudo, despois de ceder 20% do prémio como imposto de selo para as arcas do Estado, considere diversas formas de aplicar este dinheiro de maneira a tirar a máxima rentabilidade e, sobretudo escolha o investimento a longo prazo. Existem carteiras programadas de fundos que podem servir os “excêntricos”. É sempre recomendável recorrer a um analista financeiro, todavia, há tendências que se podem tomar como válidas, a saber: escolher uma carteira neutra de fundos, um prazo de duração longo, por exemplo 20 anos, fundos com origem em diversas zonas geográficas e tipos de ativos distintos (por exemplo: 60%-65% em ações e 35%-40% em obrigações). As zonas geográficas recomendadas pela conjuntura económica favorável são, em primeiro lugar, o Reino Unido, seguindo-se a Suíça, Estados Unidos, Brasil, Índia e, só por último, a China, no caso das ações. Para as obrigações, as moedas escolhidas seriam o Euro, SEK, NOK, CHF, USD. Apesar do momento menos bom registado pelas bolsas, a apreciação de várias moedas face ao euro permitiu compensar esse efeito e gerar ganhos nas carteiras defensiva e neutra: +0,5% e 0,4% respetivamente. Nos últimos 12 meses, a carteira neutra registou um ganho de 15,3%. Nos últimos 10 anos, a rentabilidade média anual foi de 6,5%.
Outra forma de rentabilizar uma parte dos 190 milhões é o mercado das matérias-primas. Apesar de complexo e heterogéneo, identifica-se nos últimos tempos o setor energético como o mais indicado para investir. Entre os setores em que é aconselhado comprar ações de empresas estão: o petrolífero; os metais não-ferrosos e a extração mineira. Para aplicar dinheiro de forma indireta no mercado, veja os conselhos do fundo de investimento Amundi Global Resources SU e o ETF Lyxor Commodities CRB TR A (links úteis: ft.com e bloomberg.com), fundos expostos à evolução do mercado global das matérias-primas e não a subsetores específicos. Não obstante, possuem um risco elevado e não lhes deve dedicar mais de 5% das suas poupanças.
Ao contrário da maioria das matérias-primas, a procura de ouro é muito menos influenciada pelo nível de atividade económica e, por isso, a sua evolução é muito mais difícil de estimar. Contudo, dadas as expectativas de subida dos juros nos Estados Unidos e com a diminuição da perceção de uma catástrofe económica, a cotação do ouro continuará sob pressão. Não é recomendada a compra de ouro nem de outros metais preciosos (prata, platina), como forma de investimento (de acordo com as recomendações da Proteste Investe). A compra de ouro não garante nenhum rendimento nem que vá reaver todo o dinheiro investido.
Se é um investidor com alguma experiência e não se importa de arriscar uma parte dos seus 190 milhões, os “warrants” são produtos que gozam de alguma notoriedade entre os investidores nacionais dado o leque alargado de opções de investimento que permitem face aos diversos tipos de ativos e maturidades disponibilizadas. Além disso, apresentam como fatores atrativos a possibilidade de obter elevados ganhos com os movimentos de subida ou descida do mercado e a facilidade com que podem ser negociados. Porém, nem tudo são rosas, e se a aplicação nestes produtos é relativamente simples, a mecânica do próprio produto e a sua avaliação é algo complexa. Para reaver o investimento, é possível vender os “warrants” em bolsa ou exercer o direito junto da instituição financeira que emitiu o “warrant”. Para não ter perdas, é necessário que a evolução do ativo corresponda às expectativas iniciais e que o exercício ou venda do warrant possibilite, pelo menos, cobrir o prémio pago inicialmente pela sua aquisição. Mas o nível da alavancagem também é essencial para determinar os ganhos/perdas geradas pelo investimento. "Acertar" na evolução do ativo subjacente é essencial para se obter ganhos com os “warrants”, mas pode não ser suficiente porque existem outros fatores que condicionam a evolução do valor dos “warrants” como a maturidade, a volatilidade, a taxa de juto, entre outros. A negociação de “warrants” envolve diversos custos, normalmente semelhantes aos suportados com a transação de ações em bolsa. O rendimento das operações com “warrants” (venda ou exercício) é considerado como uma mais-valia para efeitos de IRS.
Se é mais um investidor do género “quanto menor o risco, melhor”, opte por negociar taxas e comissões com os bancos e escolher um depósito a prazo ou um PPR. Todos os bancos vão querer atrair um cliente com 190 milhões. Para ter mais hipóteses de sucesso, compare as propostas da concorrência. É certo que um “excêntrico” pode fazer investimento de outras dimensões, mas jogando pelo seguro, a Proteste Investe indica os Certificados de Aforro como “a” solução de baixo risco e capital garantido. A recomendação da Proteste reflete-se na subscrição de Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) se for aplicar entre 3 e 5 anos. Embora as taxas de juro das Obrigações do Tesouro estejam em queda, o Governo ainda não mexeu no rendimento dos CTPM. No mínimo, a rentabilidade anual líquida destes instrumentos, que podem ser adquiridos juntos de algumas estações dos Correios ou através da Internet, é de 3% em 5 anos. Contudo, consoante a evolução do produto interno bruto nacional, o rendimento no quarto e no quinto ano pode ser superior. As estimativas apontam para uma rentabilidade anual de 3,4%. O investimento mínimo nos CTPM é de 1.000 euros e não pode resgatar o dinheiro aplicado durante o primeiro ano. Caso procure uma alternativa de baixo risco para uma aplicação de menos de 3 anos, recorra aos Certificados de Aforro: também se adquirem nos Correios ou através da Internet, mas podem ser movimentados após 3 meses. A taxa anual líquida em junho é de 2,4%.
Para elaborar e gerir melhor o seu dinheiro e ajudar a traçar um plano financeiro para alcançar os seus objetivos procure sempre aconselhamento junto de instituições credíveis e idóneas e não acredite em promessas de elevados lucros sem qualquer risco para evitar cair em armadilhas financeiras.
com a colaboração de: KSOM Kay Schaefer