“Investimento em segurança é uma prioridade”;

Rodrigo Maia, CTO da Altran Portugal, afirma
“Investimento em segurança é uma prioridade”
O VORTEX-CoLab põe “a excelência da engenharia portuguesa ao serviço dos grandes fabricantes europeus, ajudando-os a fazer a diferença no contexto global”, considera Rodrigo Maia.
A Altran, líder global em Engenharia e Serviços de Investigação e Desenvolvimento, apresenta o Vortex, um centro de aceleração e transferência de tecnologia de sistemas ciberfísicos e cibersegurança em Portugal, um investimento apoiado em 20 milhões de euros pelo Programa Norte 2020, que pretende afirmar-se como uma referência europeia no mercado dos serviços de conceção de novos dispositivos. Em entrevista à Vida Económica, Rodrigo Maia, CTO da Altran Portugal, fala de um mundo conectado que traz “novos desafios” e “novas ameaças”, que “tornam o investimento em segurança uma prioridade”.
 
Vida Económica - Qual o investimento efectuado na criação neste novo centro e qual a origem dos capitais investidos na respectiva criação? 
Rodrigo Maia - O VORTEX-CoLab é o resultado do investimento do Governo português, via Fundo Social Europeu, a Fundação para a Ciência e Tecnologia e os parceiros da Associação VORTEXCoLab. No caso do VORTEX-CoLab, este encontra-se localizado na região Norte, sendo apoiado pelo Programa Operacional Norte 2020. O VORTEX foi criado com um apoio de cerca de 20 milhões de euros do Fundo Social Europeu para a contratação de recursos humanos altamente qualificados para um total de 11 laboratórios colaborativos.
 
VE - O Vortex-CoLab está focado na cibersegurança. Quais os principais desafios que antecipam nesta área e nos quais o Centro trabalhará de imediato? 
RM - Os sistemas ciberfísicos estão hoje em tudo aquilo que nos rodeia. Desde carros, a telemóveis, dispositivos médicos, drones. Todos são hoje controlados por software e estão interconectados. Estas duas propriedades geram uma panóplia de desafios que a sociedade e as empresas têm de endereçar, como por exemplo, como podemos garantir que um sistema de condução autónoma de um veículo é seguro e está protegido de ameaças externas? Por outro lado, quando pensamos na incorporação de mais tecnologia no dia a  dia das pessoas, esta gera um conjunto de desafios técnicos e societais, como, por exemplo, como gerir de forma eficiente a informação gerada por cada dispositivo? Como criar e gerir a interligação entre eles de forma segura? Como garantir que as máquinas se comportam da forma para a qual foram concebidas, ou seja, sem comportamentos não-previstos? As capacidades crescentes oferecidas por este mundo inteligente, conectado e autónomo permitem uma ampla gama de recursos e serviços. Com eles vem a ameaça de ataques maliciosos – e onde os sistemas controlados são veículos ou sistemas relacionados a veículos, as consequências de falha podem ser graves e o número de potenciais alvos é grande. Com esses novos desafios, novas ameaças também surgem e o investimento em segurança torna-se uma prioridade. 
 
VE - O centro conta afirmar-se como referência a nível europeu. Quais as mais-valias que lhe permitirão fazê-lo e quais os mercados concorrentes? Existe algum modelo internacional a seguir? 
RM - As principais mais-valias do VORTEX-CoLab resultam do seu ecossistema constituinte, onde é combinada a agilidade e ambição de negócio de um player mundial, como a Altran, com o “best of breed” dos centros de I&D nacionais nas áreas de tecnologia da informação e sistemas embebidos. A este ainda juntámos a Beta-i, para nos permitir não só estar em contacto próximo com o ecossistema de start-ups, mas também absorver aquelas que são as boas práticas de crescimento rápido e transformação comuns nestas jovens empresas. Procurámos um modelo simples de associação, mas com um forte alinhamento de ambição. Os cinco parceiros viram no VORTEX-CoLab uma oportunidade de diversificarem as atividades onde já se destacam, endereçando novos desafios. Assim, os centros de R&D poderão estar mais próximos de projetos industriais e a Altran acrescenta ao portefólio de oferta uma nova área especializada nos serviços de investigação aplicada e de transferência de tecnologia. 
 
VE - Qual a área de formação dos profissionais até agora contratados e quais serão as áreas das futuras contratações? 
RM - Mestres e doutorados nas áreas de engenharia informática, eletrotécnica, mecânica, bioengenharia, matemática, física, etc. Estamos interessados em contratar profissionais cujo gosto pela investigação aplicada seja um fator decisivo. Que queiram estar envolvidos em projetos de investigação e transferência de tecnologia em tecnologias e processos de produção de sistemas ciberfísicos. 
 
Projeto voltado para o mercado exterior
 
VE - O centro procura dar resposta aos aspetos mais vulneráveis das empesas em Portugal ou estará mais virado para o mercado exterior?
RM - Mais virado para o mercado exterior. Particularmente para os grandes fabricantes europeus industriais, que já são hoje grandes clientes da Altran, e que investem fortemente no desenvolvimento de novos produtos e na incorporação de tecnologia como fator diferenciador dos mesmos. Para eles, o VORTEX-CoLab pretende vir a ser o seu parceiro de aceleração tecnológica, acompanhando-os com profissionais altamente qualificados, capazes de explorar de novas tecnologias e a sua aplicação na conceção de novos produtos. Trata-se de pôr a excelência da engenharia portuguesa ao serviço dos grandes fabricantes europeus, ajudando-os a fazer a diferença no contexto global. 
 
VE - De que forma é feita a ponte entre a realidade empresarial e o centro de investigação? Qual o efeito prático do conhecimento gerado no Centro para as empesas portuguesas?
RM - O nome VORTEX vem de um fenómeno físico que acontece quando duas áreas próximas e de pressão diferente se combinam num único movimento espiral. Esta é precisamente a propriedade que procuramos explorar com o CoLab, colocando a indústria e a academia próximas. Queremos gerar sinergias e acelerar o movimento de ambas, promovendo assim a incorporação mais rápida da tecnologia desenvolvida nas universidades portuguesas em novos produtos industriais, ao mesmo tempo que mais rapidamente fazemos refletir, na investigação das universidades, as necessidades do mercado. O centro está dedicado à investigação aplicada e à transferência de tecnologia, focando-se em programas próprios de aceleração e na venda de serviços aos clientes. 

VORTEX pretende criar um ecossistema colaborativo 
 
 
Liderado pela Altran Portugal, em associação com a Universidade Nova de Lisboa (UNL), através do NOVALincs, com o Instituto Politécnico do Porto/Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP/IPP) através do CISTER, com Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores- Tecnologia e Ciência (INESC TEC) através do HasLab e a plataforma de inovação Beta-i, o Vortex pretende criar um ecossistema colaborativo entre centros de investigação, start-ups e líderes industriais que explorem as tendências tecnológicas emergentes e as apliquem no desenvolvimento de novos produtos que respondam aos novos desafios dos mercados.

 


Dora Troncão agenda@vidaeconomica.pt, 30/05/2019
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