Exportações devem atingir 50% do PIB antes de 2025 ;

Ministro da Economia afirma à “Vida Económica”
Exportações devem atingir 50% do PIB antes de 2025
“Temos de manter o caminho e as condições que ao mesmo tempo nos fizeram fazer crescer a economia, melhorar o rendimento das famílias e manter a estabilidade financeira e a nossa competitividade externa. Não nos podemos desviar disso”, afirmou à “Vida Económica” Pedro Siza Vieira, para quem as exportações deverão atingir os 50% do PIB antes de 2025.
O ministro Adjunto e da Economia esteve, esta semana, no Porto, na apresentação de dois novos seguros de crédito da Cosec no valor de 100 milhões de euros cada um. 
Vida Económica – Anunciou aqui uma linha de seguros de crédito para a indústria metalúrgica, metalomecânica e de moldes e uma linha de seguros de caução para o setor da construção. Qual é o montante de cada uma?
Pedro Siza Vieira – A primeira é uma linha de seguros de crédito à exportação, destinado ao setor metalúrgico, metalomecânico e de moldes. Cobre riscos de exportação para países fora da União Europeia e permite inclusivamente cobrir o risco de um financiamento dado às empresas estrangeiras que importem produtos portugueses. Era uma grande reclamação há muito tempo do setor metalúrgico e metalomecânico e que lhes vai permitir ter esse instrumento que outras empresas europeias já têm. 
 
VE – Qual é o montante financeiro desta linha e quando é que ficará operacional?
PSV – O montante são 100 milhões de euros, para arrancarmos. Vamos ver como é que vai correr. Agora vamos ver com a Cosec. Nós acabámos de aprovar as alterações ao contrato do Estado com a Cosec e isso permitirá à Cosec começar a trabalhar a partir daqui.
 
VE – Também revelou a criação de uma linha de seguros de caução para o setor da construção civil. Do que é que se trata?
PSV – Sim. As empresas da construção, quando se apresentam a concurso, têm de dar garantias, quando assinam um contrato têm de dar garantias de adiantamento ou de cumprimento das suas obrigações. E este seguro vem permitir que elas, em vez de estarem a apresentar garantias de financiamento junto de um banco, possam beneficiar de um seguro de caução, com garantia do Estado, e com isso melhorar as suas condições de concorrência nos mercados externos.
 
VE – A linha visa apoiar as empresas nas operações para algum mercado específico?
PSV – Não. É para [apoiar as empresas em] todos os mercados fora da União Europeia.
 
VE – O Governo traçou a meta de as exportações portuguesas atingirem 50% do PIB. É exequível?
PSV – O que definimos foi, em 2025, chegar aos 50% de exportações face ao PIB. Mas eu acho que vai ser antes. Por isso, o outro objetivo que traçámos de continuar sustentadamente a crescer acima da União Europeia pelo menos uma década tem de ser a nossa mobilização. E o que fizemos nestes últimos três anos permite-nos pensar que temos as condições reunidas para atingirmos esse objetivo. Temos de manter o caminho e as condições que ao mesmo tempo nos fizeram fazer crescer a economia, melhorar o rendimento das famílias e manter a estabilidade financeira e a nossa competitividade externa. Não nos podemos desviar disso.

“Muitas vezes perdem-se negócios por falta de soluções de financiamento”
 
A linha de seguros de crédito no valor de 100 milhões de euros para a indústria metalúrgica, metalomecânica e de moldes anunciada esta semana pelo ministro Adjunto e da Economia “foi concertada” com a AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal. E “é uma das medidas que fazem parte do pacto setorial para a fileira das tecnologias de produção que foi assinado há sensivelmente três ou quatro semanas”, revelou à “Vida Económica” Fernando Sousa, vice-presidente da Associação, à margem da sessão de encerramento do evento dos 50 anos da Cosec.
Desconhecendo embora os detalhes, Fernando Sousa saúda a medida e diz que é “com agrado que a vemos aparecer rapidamente no terreno”, já que ela responde a “necessidades específicas que vínhamos a pedir há cinco seis anos a esta parte”.
O vice-presidente da AIMMAP não tem dúvidas: não se trata de responder a mercados específicos, embora esteja a pensar em negócios do setor na América Latina, no Médio Oriente e também em alguns países da Europa. Mas o que sobretudo aqui está em causa “é podermos concorrer com outros concorrentes europeus, que conseguem colocar financiamento ao consumidor através dos bancos públicos pelo setor diretamente e as empresas portuguesas não têm possibilidade de o fazer”. É que, diz Fernando Sousa, “muitas vezes perdem-se negócios, não por causa da mais-valia técnica, não por causa da mais-valia preço-qualidade, mas sim por falta destas soluções de financiamento adequadas”.  
As exportações do setor metalúrgico e metalomecânico ascenderam aos 18.334 milhões de euros em 2018, mais 11,3% face a 2017.
 
Novas linhas Cosec operacionais “dentro de uma semana”
 
Manuel Reis Campos, presidente da presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), também falou com a “Vida Económica” à saída do evento da Cosec. Reconhece que esta linha de 100 milhões de euros de seguros de caução é “muito importante” para o setor, porque “as empresas precisam de competir e de ter financiamento”.
Lembrando que “a internacionalização é um processo muito difícil e nós precisamos da Cosec”, Reis Campos assume que “esta linha de seguros de caução para as empresas da construção vem responder a uma necessidade do setor” sobretudo nos mercados mais importantes, como são África e a América Latina. 
Questionada também à margem da conferência, Maria Celeste Hagatong, presidente da COSEC, revelou que apenas está “a aguardar pelo despacho” do Governo, mas acredita que as novas linhas estarão operacionais para as empresas “dentro de uma semana”.

 


TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt, 09/05/2019
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