Indústria aeroespacial exporta mais de 1,5 mil milhões de euros;

AED Cluster Portugal representa 1,4% do PIB e quer duplicar valor até 2030
Indústria aeroespacial exporta mais de 1,5 mil milhões de euros
O principal objetivo do Plano Estratégico para 2018/2022 passa por “duplicar este valor, para os 3% do PIB, através da junção de novos associados”, afirma o general José Cordeiro.
A indústria portuguesa da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa (AED) representa 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, exporta 87% de um volume de negócios total de cerca de 1,8 mil milhões de euros e assegura 18 500 postos de trabalho qualificados. Não obstante, o general José Cordeiro, responsável do AED Cluster Portugal, assume que o principal objetivo do Plano Estratégico para 2018/2022 passa por “duplicar este valor, para os 3% do PIB, através da junção de novos associados”.
Reunindo 64 entidades, entre as quais grandes empresas, pequenas e médias empresas (PME) e também entidades do Sistema Científico e Tecnológico, institutos e centros tecnológicos, a AED Cluster Portugal representa um setor que é já, hoje em dia, “crucial para o crescimento da economia nacional”, uma vez que representa 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, exporta 87% de um volume de negócios total de cerca de 1,8 mil milhões de euros e assegura 18 500 postos de trabalho qualificados, revela José Cordeiro.
Indicando que 2018 foi um ano bastante positivo para o AED Cluster Portugal, o responsável do AED Cluster Portugal destaca a participação do cluster em feiras, na organização de missões empresariais a países com interesse para a indústria aeronáutica, de espaço e da defesa nacionais e a realização da “AED Days 2018”, no passado mês de novembro, no Taguspark, evento que reuniu 430 participantes (20% estrangeiros), representando 250 empresas de 18 países diferentes. 
 
Efeito multiplicador na economia
 
Lembrando que, há pouco mais de 10 anos, o setor em Portugal era constituído por cerca de “meia dúzia de empresas”, hoje, este é um setor “essencial para o crescimento da economia nacional”, com um efeito multiplicador muito elevado, contratando trabalho altamente especializado, contribuindo de forma decisiva para a geração de valor acrescentado. 
Neste contexto, reforça, o Plano Estratégico para 2018/2022 assume como prioridade o aumento do peso da representação do cluster no PIB nacional de 1,4% para 3,0%, a duplicação da participação dos associados em projetos de I&D internacionais e o aumento da notoriedade da marca Portugal. 
 
Duplicar valor para os 3% do PIB
 
“Queremos, em primeiro lugar, duplicar este valor, passando para os 3% do PIB, através da junção de novos associados, do aumento da cadeia de valor dos próprios associados e pela representatividade que Portugal terá de ter para atrair investimento externo. Em segundo lugar, sendo este um setor diferenciador e de capacidade tecnológica, pretende-se duplicar aquilo que está a ser feito ao nível da inovação, principalmente nos Institutos que são nossos associados (INESC TEC, INEGI, entre outros). E, por último, queremos aumentar a notoriedade da marca AED Cluster Portugal e a inovação aqui é fundamental para colocar Portugal no mapa, de forma a que seja reconhecido como um país que tem capacidades e competências nestes três setores”. 
Tendo acolhido nove novos associados no último ano, o cluster tem vindo a desenvolver um esforço no sentido de atrair “empresas portuguesas de outros setores de atividade relacionados como a metalomecânica, a saúde ou o ambiente”, atores esses que poderão entrar no cluster, num “objetivo comum de agregação, cooperação, potenciação e internacionalização”.
Neste contexto, o Plano de Atividades para 2019 contempla ainda como temas fundamentais a definição de uma estratégia, a definição de competências e produtos/serviços, a identificação de clientes (estratégias de abordagem, geografias) e a definição de canais de comunicação preferenciais para cada setor e áreas de intervenção respetivas.
 
Duplicar o parque de aeronaves até 2030
 
Falando sobre os objetivos de crescimento até 2030 para os diferentes setores que compõem o cluster, José Cordeiro assume que estes são “ambiciosos”. No setor da Aeronáutica, prevê-se a duplicação do parque de aeronaves para os próximos 20 anos, entrada na Ásia, mais concretamente na China, e crescimento do mercado europeu a 10% ao ano. 
Quanto ao setor do Espaço, prevê-se uma nova corrida no setor privado, novos serviços de comunicações, posicionamento e observação da Terra, redução do tamanho dos satélites e necessidade de novas plataformas comerciais-bases lançadoras nos Açores. 
Já no que diz respeito à Defesa, prevê-se um aumento do investimento em atividades de Defesa, aprovação pela Comissão Europeia do Plano Europeu de Defesa e o reforço das medidas antiterroristas e da vigilância das fronteiras terrestre e marítima da UE. 
 
 Integração competitiva das PME
 
Questionado pela “Vida Económica” sobre as perspetivas de crescimento do cluster para este ano, o General José Cordeiro relembrou que, nos últimos anos, têm sido desenvolvidas políticas europeias para facilitar a integração competitiva das PME, incluindo os centros de investigação, nos grandes projetos e programas cooperativos europeus, bem como nos consórcios já constituídos e consolidados de contratantes principais e subcontratantes ou até mesmo como fornecedores de produtos especializados em nichos de mercado. 
 “Num contexto de crescente necessidade de reforçar e reformular as cadeias de valor, não só para garantir os tempos de entrega e a qualidade, mas também para os custos de produção, o peso e o consumo das aeronaves”, existem “oportunidades únicas para Portugal, dadas as suas condições geográficas e de competitividade, permitindo a diversificação da oferta, estimulando a internacionalização, contribuindo para aumentar a eficiência e promovendo sinergias e economias de escala”. 
Por esse motivo, “Portugal não pode deixar de aproveitar as oportunidades de cooperação europeia, em benefício da dinamização da base tecnológica e industrial, ou seja, do conjunto de empresas e entidades do sistema científico e tecnológico nacional públicas e privadas com capacidade para intervir”, sendo que “a participação integrada em consórcios ou em clusters regionais é a forma mais viável de assegurar este desiderato”. 
Susana Almeida, 08/03/2019
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