Portugal, França e Itália unem-se para promover o arroz Japonica europeu;

Portugal, França e Itália unem-se para promover o arroz Japonica europeu
Pedro Monteiro (à esquerda), presidente da Casa do Arroz – Associação Interprofissional do Arroz, e Bertrand Mazel, presidente do Sindicato dos Orizicultores de França e da Fileira, durante uma apresentação para jornalistas do projeto “Arroz Europeu”, em Arles, França.
Portugal, através da Casa do Arroz – Associação Interprofissional do Arroz (CdA), associação interprofissional portuguesa da cadeia de distribuição do arroz; Itália, através da Ente Nazionale Risi, um organismo público económico nascido para monitorizar e dar sustentabilidade económica ao setor do arroz italiano; e França, através do Sindicato dos Orizicultores da França e Cadeia de Distribuição (SRFF), criado para promover a cadeia de distribuição de arroz francesa, uniram-se em torno do arroz Japonica europeu. São parceiros do projeto “Arroz Europeu” (https://www.sustainableeurice.eu/), financiado pela União Europeia (UE), criado para difundir o consumo do arroz Japonica nos maiores países consumidores de arroz na UE: Itália, Portugal, França e Alemanha e, também, no Norte da Europa.
A produção de arroz na Europa do tipo Japonica corresponde a 0,4% da produção mundial, mas representa 77% da orizicultura da UE.
A produção do arroz Japonica, em particular, se comparada com as variedades originárias do Sudeste Asiático, “apresenta uma qualidade superior a nível organolético e de segurança alimentar”. Também em matéria de sustentabilidade, uma vez que a sua produção se faz com recurso a “técnicas agronómicas que garantem a salubridade”, lê-se no comunicado de imprensa distribuído durante uma viagem de estudo com jornalistas portugueses, franceses, italianos e alemães à região da Camarga no âmbito deste projeto.
O projeto “Arroz Europeu” visa, através de ações específicas de comunicação e divulgação, “aumentar nos consumidores e partes interessadas o conhecimento da produção rizícola e das utilizações do arroz ‘made in EU’”, considerado “único nas suas características”. Quer também “consciencializar para o valor da orizicultura em termos de sustentabilidade e proteção dos recursos naturais, uma vez que os arrozais contribuem para “proteger os ecossistemas, preservar as áreas rurais, favorecer a biodiversidade e prevenir as mudanças climáticas”.

Dar visibilidade à orizicultura na Itália, França e Portugal

A frase que acompanha o projeto é “Arroz europeu. Bom para si, precioso para o ambiente” e tem vindo a ser divulgado em vários fóruns. O sítio www.sustainableeurice.eu e os perfis sociais dedicados visam dar visibilidade à orizicultura na Itália, França e Portugal com informações detalhadas de receitas, métodos de cultivo e produção, biodiversidade, emprego do recurso hídrico no arrozal, tradições, anedotas, curiosidades e tudo o que possa permitir aos consumidores europeus aprofundar o conhecimento do arroz europeu sustentável e as suas propriedades.
“É a primeira vez que o arroz português e europeu têm um projeto aprovado junto da Comissão Europeia, porque em Portugal nunca tinha havido um projeto destes aprovado e, mesmo nos quadros comunitários, não havia cabimento para ações de promoção do arroz”, explicou à “Vida Económica” Pedro Monteiro, presidente da Casa do Arroz — Associação Interprofissional do Arroz, em Marselha, à margem da viagem de trabalho com jornalistas.
“Fizemos este consórcio entre três países – Portugal, França e Itália – e mais um mercado externo, a Alemanha, para tentar aumentar o consumo e tornar notável o arroz europeu no Norte da Europa, porque na Europa e até nos próprios países produtores muitos não sabem que se produz arroz”, acrescentou Pedro Monteiro.
O presidente da Casa do Arroz não tem dúvidas: “A grande maioria, eu diria 80%, da população portuguesa não sabe que em Portugal se produz arroz, apesar de sermos o maior consumidor ‘per capita’ de arroz da Europa (16 quilos/ano)”. A média é de 50 quilos/ano no mundo. “Portugal, em termos mundiais, é pequenino, mas a nível europeu somos muito grandes” no consumo deste cereal, nota Pedro Monteiro.

“Arroz Carolino é de excelente qualidade”

“A Europa começa a consumir muito arroz importado, principalmente o Basmati, que vem da Índia e Paquistão – é um arroz diferente, especial, não há dúvida, que tem um aroma caraterístico –, mas o que nós dizemos é que, comparativamente aos arrozes agulhas, que é o que vem do resto do mundo e que é o que a Europa (e Portugal) importa, temos um arroz de proximidade que é o Carolino, o Japónica (em França é o arroz da Camarga e em Itália são os risotos), que é de excelente qualidade”, argumenta Pedro Monteiro.
A produção global de arroz Japonica terá atingido 71,3 milhões de toneladas em 2017, sendo a China responsável por 72% desta produção, de acordo com o “Agricultural Outlook 2020 2029” da FAO, a organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, publicado em julho.
A produção global de arroz deverá atingir 582 milhões de toneladas em 2029 e a Ásia deverá contribuir com a maior parte da produção global adicional, respondendo por 61 milhões de toneladas do aumento previsto, segundo o mesmo relatório.
O consumo de arroz no mundo deverá crescer 69 milhões de toneladas até 2029.





* A jornalista viajou a convite da Casa do Arroz, no âmbito do projeto SUSTAINABLE EU RICE - DON’T THINK TWICE, financiado pela União Europeia.

TERESA SILVEIRA, em Arles (França)* teresasilveira@vidaeconomica.pt, 11/08/2022
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