“A Nova Humanidade” esteve em debate na 4.ª edição da Connecting Healthcare;

“A Nova Humanidade” esteve em debate na 4.ª edição da Connecting Healthcare
O Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões foi palco da 4.ª edição da conferência internacional “Connecting Healthcare”, sendo já uma referência nacional na área da saúde. Com vista privilegiada para a infinita mancha marítima, os participantes tiveram a oportunidade de experienciar uma viagem imersiva por vários debates e palestras sobre o tema- “A Nova Humanidade: Cooperação e Diversidade”.


Às 08h30 as portas abriram e os mais de 300 convidados começaram a ser recebidos e introduzida a temática da conferência, Manuel Cepeda, Diretor do Seal Group, e Catarina Aguiar Diogo, Vogal do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) foram o rosto das entidades organizadoras nesta 4.ª edição da “Connecting Healthcare”, que contou com 30 oradores.
Chegava então a vez de Michelle Bachelet, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, deixar  uma mensagem. Num discurso inicialmente, focado na pobreza e no fosso social, acentuados pela Covid-19, “Alguns de nós vão morrer, alguns de nós vão viver para sofrer”, Michele deixou os participantes com uma mensagem de esperança. A Alta Comissária concluiu que a cooperação, a empatia e a solidariedade podem salvar este novo mundo que se insurge.
Para dar continuidade à ideia de mudança, foi vez de dar voz ao futurista e investigador australiano Michael McQueen. “O Futuro da Humanidade” foi abordado num discurso intitulado de “O Novo Agora”, que se focou numa visão do mundo pós-pandemia. A Covid-19 foi, metaforicamente, comparada a uma máquina do tempo que acelerou o desenvolvimento da humanidade e da ciência.
“Concentre-se nas marés, não nas ondas”. Manter o foco e evitar as distrações foi uma das ideias defendidas pelo australiano, que apresentou algumas das várias inovações na Saúde, nomeadamente, a Inteligência Artificial. McQueen tem uma visão objetiva sobre a atualidade, que deve ser analisada detalhadamente, assim como todas as oportunidades que lhe estão subjacentes devem ser aproveitadas. O foco não está no regresso à normalidade, mas sim na visão futura.
Assim se criou o pretexto para avançar com o primeiro painel de debate do evento- “Sustentabilidade, Saúde e Economia”. Esta conversa contou com a participação de Paula Policarpo, Presidente da Associação Zero Desperdício, Pedro Gomes, Economista e Professor Universitário (University of London), Samuel Gonçalves, Arquiteto e Fundador da summary, Vasco Santos, Chef, e a moderação de António Mendonça, Bastonário da Ordem dos Economistas.
Com base no facto de se viver num planeta que “está com febre”, o foco da primeira conversa foi a aprendizagem de que nada é garantido. A sustentabilidade foi apresentada no sentido lato de Saúde e apenas uma gestão linear e eficaz entre a Economia Circular, a Arquitetura pensada, o setor alimentar sem desperdícios, aliados à preocupação com o bem-estar dos profissionais, podem encaminhar para um futuro melhor para o planeta.
Mas nada é possível sem a “Cooperação Humana e Transformação Digital”. Iniciou-se assim o segundo painel de debate, com a participação de Rosália Vargas (Presidente da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica), Bruno Magalhães (Investigador/iGestSaúde), Virgílio Bento (Fundador e CEO da SWORD) e Beatriz Imperatori (Diretora Executiva da UNICEF Portugal).
Numa conversa moderada pelo escritor Valter Hugo Mãe, as árvores protagonizaram a inspiração para uma humanidade que, apesar de ligada pela tecnologia, deveria estar mais unida. Na natureza, a fraqueza de um dos elementos é canalizada com nutrientes de outros e não é um pretexto para retirar informação vital e quebrar acesso a outros ramais, como acontece com o Homem.  As falsas redes e o desgaste da comunicação são o veículo perfeito para as notícias falsas, um perigo eminente.
Se, por um lado, a tecnologia tem um papel negativo nas ligações humanas, Arlindo Oliveira (Presidente do INESC e professor do IST), mostrou na sua palestra, através de vários exemplos e estudos, a eficácia da Inteligência Artificial ao serviço da Saúde.
Depois de uma pausa para almoço, seguida de um momento musical, a apresentadora Rute Braga chamou ao palco a atleta e campeã olímpica Fernanda Ribeiro, para uma conversa sobre “Superação na Vida e no Desporto”, moderada pela enfermeira gestora da ULSM, Margarida Filipe. Lidar com as expectativas e a pressão social nem sempre é fácil para os atletas de alto rendimento. A mensagem de Fernanda é uma lembrança de que o mais importante é nunca ter “vergonha de falhar”.
O evento seguiu com o terceiro painel de debate, “Medicina baseada na evidência: Como combinar a prática clínica com a investigação”. Marion Mafham, investigadora da Oxford University, e Tiago Taveira, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), reiteraram que é fundamental olhar mais para o paciente. Sob a moderação de João Fonseca, diretor do MEDCIDS da FMUP, ficou desta conversa a afirmação: “Pensa grande. Mantenha a clareza.”, proferida por Marion.
A objetividade é um fator crucial também à política, assumiu Miguel Poiares Maduro, o convidado que sucedeu no alinhamento. Perante uma pandemia e, agora, uma guerra, o professor e Ex-Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional acredita que a falta de prevenção foi uma falha humana pouco compreensiva em ambos os casos. Miguel Poiares Maduro defende que a irracionalidade pode ser previsível e deve ser evitada.
Depois de um momento de homenagem e condecoração à ex-ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, pelos serviços prestados à ULSM, seguiu-se a apresentação do quarto e último painel de debate- “Desafios da Diversidade Geracional”. O músico Rui Reininho, o fundador da Escola da Ponte, José Pacheco, e a blogger e youtuber, Inês Teixeira, subiram ao palco para uma conversa moderada por Antonino Sousa, assistente espiritual da ULSM.
A paixão pela vida e pelo planeta “meio azul, meio verde de noite” em que vivem, é comum a todos os oradores. A diversidade geracional é cada vez mais visível, mas todos acreditam que os mais novos têm muito para dar. Acima de tudo, é essencial humanizar e acreditar que “as escolas são prédios, as escolas são pessoas”, afirmou José Pacheco. A palavra é a marca civilizacional mais forte da humanidade e, por isso, deve ser ensinada a sua importância desde cedo.
Por último, foi a vez de Benjamin List, prémio Nobel da Química de 2021, prestar testemunho sobre “a investigação ao serviço da humanidade”, um discurso moderado por Sérgio Almeida, fundador do Seal Group. O rigor e objetividade científica devem, para List, ser trabalhados de forma mais colaborativa, como interdependente que é a Ciência. A transparência é uma das chaves para o sucesso do futuro da investigação.
A 4 edição da “Connecting Healthcare” terminou com mais um momento musical. Incerteza e desafio são dois chavões que caraterizam a atualidade. Do evento, fica a ideia de que, perante um inimigo invisível, a Covid-19, a humanidade é enfrentada, constantemente, pela mudança repentina das circunstâncias e a Ciência, quando bem pensada, pode ser uma poderosa arma a favor do Homem.
Adriana Resende de Castro agenda@grupovidaeconomica.pt, 11/08/2022
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