Banca não se compromete com interrupções de pagamentos de financiamentos;

Covid-19
Banca não se compromete com interrupções de pagamentos de financiamentos
A banca portuguesa não se comprometeu, até à manhã desta terça-feira (dia 17) com eventuais suspensões de cobrança das mensalidades de financiamentos por parte de empresas e famílias no âmbito dos nefastos efeitos económicos resultados da pandemia do Covid-19 em Portugal.
A “Vida Económica” enviou questões à banca portuguesa a perguntar se consideraram aceitar, num cenário de maior gravidade da epidemia que esperemos que não se chegue a verificar, o alívio a alguns dos financiamentos das famílias (nomeadamente o crédito à habitação) e das empresas comprovadamente afetadas em termos económicos pelo Covid-19.
As perguntas foram enviadas para Caixa Geral de Depósitos (CGD), BPI, Novo Banco, Santander, BCP, Novo Banco, Montepio, Crédito Agrícola, Bankinter e Associação Portuguesa de Bancos (APB).
Obtivemos resposta de APB, CGD, BPI, Santander e Novo Banco. Os outros ignoraram e mesmo os que responderam foram algo evasivos. Começando pela associação do setor, fomos remetidos para um comunicado de 12 de março em que  a Federação Bancária Europeia, da qual a APB, indica ter enviado às autoridades europeias uma carta com um conjunto de propostas de medidas que permitam ao setor bancário europeu prestar apoio aos clientes em dificuldades financeiras fruto da Covid-19, assegurando, ao mesmo tempo, que desse apoio não resulte uma degradação da situação prudencial dos bancos.
No que se refere aos bancos, a maioria não respondeu e dos que o fizeram o que esteve mais próximo de dar uma resposta positiva foi a CGD. “A Caixa está disponível para estudar e apoiar os seus clientes a ultrapassar eventuais constrangimentos que advenham do Covid-19”, indicou-nos fonte do banco público, que, entretanto, anunciou algumas medidas.
Em sentido contrário, fonte do BPI disse à “Vida Económica” que o “BPI acompanha com a máxima atenção todas as incidências da presente situação, mas não tem por hábito responder a perguntas hipotéticas”.
Fonte do Santander revelou-nos que o o Banco “está a acompanhar a situação de perto e irá implementar várias medidas para apoiar os seus clientes – particulares e empresas – a ultrapassar as dificuldades resultantes do impacto negativo do surto de Covid-19”.
O Santander integrou a linha de crédito de 200 milhões de euros criada pelo Governo. Esta linha de crédito é criada ao abrigo do protocolo relativo à linha de crédito capitalizar 2018, já existente, constituindo-se como uma sublinha específica. “O Santander mantém a sua missão de apoio à economia e tecido empresarial, associando-se naturalmente a uma iniciativa que visa que as empresas afetadas pelos efeitos económicos resultantes do surto de Covid-19 possam aceder a financiamento bancário com custos adequados”, indica a mesma fonte.
Para a disponibilização dos 200 milhões de euros incluídos no montante global, são criadas as seguintes subdotações específicas: dotação "Covid 19 - Fundo de Maneio" no valor de 160 milhões de euros e a dotação "Covid 19 - Plafond de Tesouraria" no valor de 40 milhões de euros.
“Entretanto o Governo tem vindo a discutir com a banca medidas que, a curto prazo, possam vir a aliviar temporariamente as famílias nas suas obrigações relativas ao crédito”, acrescenta a mesma fonte do Santander Portugal.
O Novo Banco não respondeu diretamente à nossa questão, mas fonte da entidade indicou-nos que o banco estruturou um pacote de produtos e serviços “para fazer face a esta completamente nova circunstância dos clientes”. Do ponto de vista prático, os clientes do banco estão temporariamente isentos de comissões das operações digitais (netbanking e MB Way) e foram reforçadas as equipas de contacto à distância. 

Artigo atualizado às 18h00 com a posição do Santander Portugal
Aquiles Pinto, 17/03/2020
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