A formação profissional em Contabilidade
Talvez há mais de trinta anos que as empresas começaram a percecionar as relações humanas como um fator essencial para a otimização da gestão das equipas, usando a componente emocional dos recursos humanos de formar a melhorar os processos, as relações laborais, o desempenho e a forma de estímulo para um maior sucesso organizacional.
Nestes tempos de pandemia, a sociedade e sobretudo as empresas parecem ter redescoberto este conceito, percebendo que os trabalhadores que se sintam seguros e motivados desenvolvem melhor as tarefas, independentemente do local, que equipas informadas e bem formadas tendem a encontrar melhores soluções, e que no conjunto isso favorece as organizações, não só pelo lado do investidor como pelo equilíbrio da gestão da organização.
Nestes tempos de pandemia, a sociedade e sobretudo as empresas parecem ter redescoberto este conceito, percebendo que os trabalhadores que se sintam seguros e motivados desenvolvem melhor as tarefas, independentemente do local, que equipas informadas e bem formadas tendem a encontrar melhores soluções, e que no conjunto isso favorece as organizações, não só pelo lado do investidor como pelo equilíbrio da gestão da organização.
Percebendo as características de um individuo, torna-se mais fácil a sua integração num determinado projeto, num grupo ou numa empresa. A par das competências académicas que desenvolvemos, a nossa estrutura emocional e a capacidade de acompanhamento das mesmas com o nosso desempenho profissional são fatores cada vez mais importantes para as empresas, sobretudo ao nível das áreas de recursos humanos, que privilegiam mais estas competências no momento da contratação ou no momento da avaliação de desempenho.
Na APOTEC, a formação teve sempre um impacto muito grande. Recordo que nas primeiras sessões formativas já se privilegiava a emoção como catalisador da disposição para a aprendizagem. Uma das primeiras sessões de esclarecimento foi à volta de um jantar-debate, tendo por palestrante o Prof. Quintino Ferreira, nos finais da década de 70, em que o anteprojeto do Plano Oficial de Contabilidade e a criação de uma entidade de normalização contabilística nacional estavam em pleno desenvolvimento. Foi, ao tempo, um marco na comunicação com os profissionais, não só pela novidade do tema mas também pelas liberdades associativas e de aprendizagem trazidas após o 25 de Abril de 74.
O acentuado desenvolvimento tecnológico das últimas décadas tem criado, no âmbito da actividade profissional, uma maior necessidade de ajustamento entre o conhecimento adquirido pelos agentes e as necessidades constantes exigidas ao desempenho eficiente de qualquer actividade profissional.
As constantes alterações legais, e estes últimos meses têm sido exímios nisso, não só ao nível da legislação laboral como fiscal, evidenciam a necessidade de os profissionais de contabilidade se manterem permanentemente atualizados nessas áreas do conhecimento social, por forma a poderem corresponder ao mais elevado nível de exigência.
De acordo com o IAESB*, os requisitos mínimos de aprendizagem para um profissional de contabilidade qualificado dividem-se em três tipos: i) a educação, que corresponde à formação académica de base; ii) a experiência profissional e iii) o desenvolvimento profissional contínuo, que naturalmente inclui a formação ao longo da vida.
As mudanças profundas que já estão a ocorrer nas empresas, no quotidiano e no mundo urgem a que os profissionais redefinam os seus papéis e contribuições não só para as entidades como para a sociedade em termos gerais. A profissão de contabilista não é imune a estas mudanças.
Os contabilistas têm aqui um papel muito importante, e isso obriga-nos a nós, Associações, a dotar e formar estes profissionais para o futuro, que exige cada vez mais a execução de uma abordagem abrangente e integrada, aliada de conhecimento, tecnologia, competências e comportamentos éticos necessários para um ambiente sempre em (r)evolução.
É o próprio IFAC(1) que alerta para o facto de que “a tecnologia está moldando os modelos de negócios. 78% dos entrevistados esperam que as novas tecnologias afetem as funções tradicionais de contabilidade e finanças”. Não temos dúvidas que o binómio emocional (pessoas)/tecnológico terá cada vez mais relevância nos processos de aprendizagem e desenvolvimento profissionais e organizacionais. E dá exemplos: “O desenvolvimento dos automatismos contabilísticos para as pequenas e médias empresas (PME) também significa que essas empresas podem concentrar-se mais em serviços de consultoria”.
E como se encaixa aqui a formação profissional para o contabilista? Por um lado, em ciclos de curta duração, de forma a poder-se acompanhar as sucessivas mudanças que estamos vivendo; em segundo lugar, a formação deve ser totalmente assente nas necessidades reais de conhecimento dos profissionais com vista a mobilizar conhecimentos, aptidões e atitudes, de forma a promover o desenvolvimento e a adequação da qualificação do trabalhador, tendo em vista melhorar a sua empregabilidade e aumentar a produtividade e a competitividade da empresa onde se insere.
A atividade formativa desenvolvida pela APOTEC tem sido, desde sempre e ao longo dos anos, especialmente dirigida para os seus Associados, pois sempre se entendeu ser esse o melhor caminho para alcançar a valorização dos profissionais do sector. Contudo, com o tempo e à medida que os conteúdos da atividade formativa da APOTEC foram sendo alargados, foi-se aumentado o leque dos destinatários abrangidos pelas várias ações de formação concebidas, abrangendo também o público em geral.
Ao nível dos associados individuais, a sua maioria está integrada em empresas, nomeadamente em gabinetes de contabilidade que diariamente contribuem com as melhores práticas empresariais, na medida do planeamento, auxílio e desenvolvimento de melhores práticas de gestão das empresas, qualificação de recursos das organizações empresariais para as quais prestam serviços.
Aliada à componente formativa em geral, a APOTEC oferece a todas essas empresas suas associadas formação dirigida a cada entidade e à medida das necessidades dos seus colaboradores.
A comunicação aberta na formação como desenvolvimento profissional, juntamente com um dos lemas do Prof. Martim Noel Monteiro (um dos fundadores da Associação), acérrimo defensor de que a competência se demonstra com os conhecimentos que se evidencia e não com os diplomas que se apresenta, nortearam desde cedo a orientação pedagógia do projeto formativo a promover pela APOTEC, e que ainda hoje tanto nos inspira e instiga.
A APOTEC Academia é o mais recente projeto formativo na APOTEC, de transmissão, partilha e crescimento profissional, com o rigor e dedicação que os Associados e formandos nos merecem.
Novamente o IFAC nos alerta que “o pensamento e os relatórios integrados, bem como o uso e o gerenciamento de impacto, estão se tornando mais populares. Essa área é de particular importância para a compreensão, avaliação e confiança no desempenho dos negócios e envolve contabilistas que usam a colaboração colaborativa com outras pessoas de uma ampla variedade de disciplinas e perspectivas”. Estamos a viver cada vez mais o conceito “glocalização”, conseguindo-se através de respostas locais soluções para problemas globais.
A formação profissional como criação de valor é o objetivo por excelência, e um desafio nesta nova normalidade. Não só para nós, profissionais, mas para a sociedade em geral, aliando conhecimento e criatividade, pois o modelo tradicional não se adequa a estes novos tempos, que já nos trazem novas formas organizacionais, em que a volatilidade geopolítica e económica têm grande impacto nos mercados financeiros, assim como as questões de desempenho e preservação ambientais.
E os contabilistas estão bem posicionados para liderar uma agenda de criação de valor, como parceiros de negócios dentro de uma organização. Têm sido o suporte das empresas, já o eram e agora são ainda mais.
Os profissionais de contabilidade são das classes profissionais que mais mudanças abraçaram, aliados, ao bom uso das soluções tecnológicas, que se foram sucedendo desde os anos 80. Hoje, temos também o desafio de coordenar talentos, facilitando operações virtuais, tornando o trabalho mais flexível, pensando na saúde e segurança dos funcionários.
A forma como desenvolvemos a formação profissional em contabilidade também se adaptou, acompanhando as novas relações laborais, dotando-se de novos recursos pedagógicos, adaptando conteúdos e flexibilizando o processo de aprendizagem.
A contabilidade é uma parte vital das organizações, que permite a evolução do modelo operacional da empresa para criar e diversificar novos serviços, criando assim valor.
Como profissão, os contabilistas têm um papel e uma responsabilidade em ajudar a fornecer a prestação de contas que cobram impostos, descontos e benefícios durante e após a Covid-19. Numa crise tão grande e abrangente quanto a Covid-19, todos devemos trabalhar juntos para compartilhar conhecimentos e recursos e fornecer os melhores conselhos e orientações possíveis para nossos governos e economias.
Valorizar o profissional através da formação é dotar as organizações de capacidade de criação de valor.
* International Accounting Education Standards Board.
1 - https://www.ifac.org/preparing-future-ready-profession
Na APOTEC, a formação teve sempre um impacto muito grande. Recordo que nas primeiras sessões formativas já se privilegiava a emoção como catalisador da disposição para a aprendizagem. Uma das primeiras sessões de esclarecimento foi à volta de um jantar-debate, tendo por palestrante o Prof. Quintino Ferreira, nos finais da década de 70, em que o anteprojeto do Plano Oficial de Contabilidade e a criação de uma entidade de normalização contabilística nacional estavam em pleno desenvolvimento. Foi, ao tempo, um marco na comunicação com os profissionais, não só pela novidade do tema mas também pelas liberdades associativas e de aprendizagem trazidas após o 25 de Abril de 74.
O acentuado desenvolvimento tecnológico das últimas décadas tem criado, no âmbito da actividade profissional, uma maior necessidade de ajustamento entre o conhecimento adquirido pelos agentes e as necessidades constantes exigidas ao desempenho eficiente de qualquer actividade profissional.
As constantes alterações legais, e estes últimos meses têm sido exímios nisso, não só ao nível da legislação laboral como fiscal, evidenciam a necessidade de os profissionais de contabilidade se manterem permanentemente atualizados nessas áreas do conhecimento social, por forma a poderem corresponder ao mais elevado nível de exigência.
De acordo com o IAESB*, os requisitos mínimos de aprendizagem para um profissional de contabilidade qualificado dividem-se em três tipos: i) a educação, que corresponde à formação académica de base; ii) a experiência profissional e iii) o desenvolvimento profissional contínuo, que naturalmente inclui a formação ao longo da vida.
As mudanças profundas que já estão a ocorrer nas empresas, no quotidiano e no mundo urgem a que os profissionais redefinam os seus papéis e contribuições não só para as entidades como para a sociedade em termos gerais. A profissão de contabilista não é imune a estas mudanças.
Os contabilistas têm aqui um papel muito importante, e isso obriga-nos a nós, Associações, a dotar e formar estes profissionais para o futuro, que exige cada vez mais a execução de uma abordagem abrangente e integrada, aliada de conhecimento, tecnologia, competências e comportamentos éticos necessários para um ambiente sempre em (r)evolução.
É o próprio IFAC(1) que alerta para o facto de que “a tecnologia está moldando os modelos de negócios. 78% dos entrevistados esperam que as novas tecnologias afetem as funções tradicionais de contabilidade e finanças”. Não temos dúvidas que o binómio emocional (pessoas)/tecnológico terá cada vez mais relevância nos processos de aprendizagem e desenvolvimento profissionais e organizacionais. E dá exemplos: “O desenvolvimento dos automatismos contabilísticos para as pequenas e médias empresas (PME) também significa que essas empresas podem concentrar-se mais em serviços de consultoria”.
E como se encaixa aqui a formação profissional para o contabilista? Por um lado, em ciclos de curta duração, de forma a poder-se acompanhar as sucessivas mudanças que estamos vivendo; em segundo lugar, a formação deve ser totalmente assente nas necessidades reais de conhecimento dos profissionais com vista a mobilizar conhecimentos, aptidões e atitudes, de forma a promover o desenvolvimento e a adequação da qualificação do trabalhador, tendo em vista melhorar a sua empregabilidade e aumentar a produtividade e a competitividade da empresa onde se insere.
A atividade formativa desenvolvida pela APOTEC tem sido, desde sempre e ao longo dos anos, especialmente dirigida para os seus Associados, pois sempre se entendeu ser esse o melhor caminho para alcançar a valorização dos profissionais do sector. Contudo, com o tempo e à medida que os conteúdos da atividade formativa da APOTEC foram sendo alargados, foi-se aumentado o leque dos destinatários abrangidos pelas várias ações de formação concebidas, abrangendo também o público em geral.
Ao nível dos associados individuais, a sua maioria está integrada em empresas, nomeadamente em gabinetes de contabilidade que diariamente contribuem com as melhores práticas empresariais, na medida do planeamento, auxílio e desenvolvimento de melhores práticas de gestão das empresas, qualificação de recursos das organizações empresariais para as quais prestam serviços.
Aliada à componente formativa em geral, a APOTEC oferece a todas essas empresas suas associadas formação dirigida a cada entidade e à medida das necessidades dos seus colaboradores.
A comunicação aberta na formação como desenvolvimento profissional, juntamente com um dos lemas do Prof. Martim Noel Monteiro (um dos fundadores da Associação), acérrimo defensor de que a competência se demonstra com os conhecimentos que se evidencia e não com os diplomas que se apresenta, nortearam desde cedo a orientação pedagógia do projeto formativo a promover pela APOTEC, e que ainda hoje tanto nos inspira e instiga.
A APOTEC Academia é o mais recente projeto formativo na APOTEC, de transmissão, partilha e crescimento profissional, com o rigor e dedicação que os Associados e formandos nos merecem.
Novamente o IFAC nos alerta que “o pensamento e os relatórios integrados, bem como o uso e o gerenciamento de impacto, estão se tornando mais populares. Essa área é de particular importância para a compreensão, avaliação e confiança no desempenho dos negócios e envolve contabilistas que usam a colaboração colaborativa com outras pessoas de uma ampla variedade de disciplinas e perspectivas”. Estamos a viver cada vez mais o conceito “glocalização”, conseguindo-se através de respostas locais soluções para problemas globais.
A formação profissional como criação de valor é o objetivo por excelência, e um desafio nesta nova normalidade. Não só para nós, profissionais, mas para a sociedade em geral, aliando conhecimento e criatividade, pois o modelo tradicional não se adequa a estes novos tempos, que já nos trazem novas formas organizacionais, em que a volatilidade geopolítica e económica têm grande impacto nos mercados financeiros, assim como as questões de desempenho e preservação ambientais.
E os contabilistas estão bem posicionados para liderar uma agenda de criação de valor, como parceiros de negócios dentro de uma organização. Têm sido o suporte das empresas, já o eram e agora são ainda mais.
Os profissionais de contabilidade são das classes profissionais que mais mudanças abraçaram, aliados, ao bom uso das soluções tecnológicas, que se foram sucedendo desde os anos 80. Hoje, temos também o desafio de coordenar talentos, facilitando operações virtuais, tornando o trabalho mais flexível, pensando na saúde e segurança dos funcionários.
A forma como desenvolvemos a formação profissional em contabilidade também se adaptou, acompanhando as novas relações laborais, dotando-se de novos recursos pedagógicos, adaptando conteúdos e flexibilizando o processo de aprendizagem.
A contabilidade é uma parte vital das organizações, que permite a evolução do modelo operacional da empresa para criar e diversificar novos serviços, criando assim valor.
Como profissão, os contabilistas têm um papel e uma responsabilidade em ajudar a fornecer a prestação de contas que cobram impostos, descontos e benefícios durante e após a Covid-19. Numa crise tão grande e abrangente quanto a Covid-19, todos devemos trabalhar juntos para compartilhar conhecimentos e recursos e fornecer os melhores conselhos e orientações possíveis para nossos governos e economias.
Valorizar o profissional através da formação é dotar as organizações de capacidade de criação de valor.
* International Accounting Education Standards Board.
1 - https://www.ifac.org/preparing-future-ready-profession