Fed admite que tensões comerciais estão a penalizar o crescimento
A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), num documento em que avalia em detalhe a economia dos 12 bancos centrais regionais do país, alerta para um abrandamento das previsões económicas, tendo em conta a manutenção das tensões comerciais. A Fed revela a sua preocupação pelas políticas que têm sido seguidas em matéria de tarifas aduaneiras, em especial por parte dos Estados Unidos e da China.
Em termos objetivos, o documento destaca que a economia dos Estados Unidos evoluiu a um ritmo entre “suave” e “modesto” nas últimas semanas, sendo que a atividade empresarial varia bastante entre as várias regiões do país. De uma maneira geral, os contactos estabelecidos sugerem que as tensões comerciais e o abrandamento do crescimento global estão a ter impacto na sua atividade. Ainda que a maioria dos contactos empresariais da Fed leve a pensar que a expansão económica se vai manter no curto prazo, vários distritos reviram em baixa as suas expetativas de crescimento para os próximos 12 meses.
Mas são equacionados outros problemas neste documento da Reserva Federal, a que haverá que dar a devida atenção por parte do poder político. A falta de trabalhadores continua a ser um fator de pressão dos salários em alta, independentemente das qualificações requeridas para o preenchimento de postos de trabalho. Algumas regiões referem que as empresas industriais estão a reduzir o número de colaboradores, por falta de novas encomendas, em linha com os indicadores apresentados pelos responsáveis de compras. Por sua vez, outras empresas têm optado por reduzir o horário de trabalho dos seus colaboradores, já que receiam ter falta de pessoal no longo prazo.
Muitos analistas estão a lançar avisos à Administração Trump de que as medidas colocadas em prática terão um forte impacto na atividade industrial do país no médio prazo. E os problemas tenderão a expandir-se rapidamente ao consumo interno, que representa cerca de um terço do PIB norte-americano. As incertezas criadas e o agravamento das taxas alfandegárias terão igualmente uma forte expressão a nível global, estando na primeira linha as economias mais desenvolvidas.