Symington investe 500 mil euros em máquina de vindimar
A Symington Family Estates, presente na região do Douro há cinco gerações (desde 1882) de propriedade e gestão familiar e que detém a Graham’s, uma das 10 marcas de vinho mais admiradas no mundo, assim como a Cockburn’s, Dow’s e Warre’s e ainda várias insígnias de vinhos DOC Douro, vai adquirir uma máquina para vindimar. O investimento é de 500 mil euros e já está “em fase de protótipo na sua terceira versão”, revelou à “Vida Económica” António Garcez Filipe, diretor-geral da companhia.
A empresa liderada por Paul Symington – que vai reformar-se no final do ano e passar a gestão executiva ao primo Rupert Symington – quer minimizar as limitações e os custos associados à continuada escassez de mão-de-obra nos últimos anos. O novo equipamento, que, atualmente, funciona a gasóleo mas no futuro poderá ser elétrico, terá “capacidade para apanhar entre 10 e 13 toneladas de uvas por dia”, por oposição às apenas 0,5 toneladas que cada pessoa, em média, é capaz de vindimar diariamente.
Não está ainda decidido quando entrará em funcionamento – “primeiro temos de fazer uma avaliação dos resultados desta vindima”, diz António Filipe –, mas é certo que a nova máquina “não poderá ser usada em todas as nossas vinhas”, distribuídas por 27 propriedades e mais de 1000 hectares. Apenas será utilizada “em vinhas de encosta, mas só de um bardo”.
“Mais do que ganhos, este equipamento tem como principal propósito responder à falta estrutural de pessoal que estamos a sentir no Douro”, frisa o diretor-geral da companhia, que, na vindima que agora terminou, colheu cerca de 17 milhões de litros de vinho. Em 2017 faturou 92 milhões de euros.
No seu relatório de vindima de 2018, Paul Symington queixa-se das condições climáticas – “após o mais seco ciclo da vinha de sempre em 2017, a seca prolongar-se-ia até março de 2018” –, explicando que, este ano, “as produções foram absurdamente baixas”, com algumas das suas vinhas a “sofrer quebras de 40%”. Aliás, diz o CEO, “são poucas as [vinhas] que não têm quebras de pelo menos 25%”.
2018 foi, aliás, “o segundo ano consecutivo com produções dramaticamente baixas e houve uma corrida desenfreada para obter uvas, especialmente por parte daqueles com poucas vinhas próprias”. Em consequência, diz Paul Symington na nota de vindima, “os preços dispararam, o que é provavelmente algo de muito bom certamente para os lavradores que se debatem com dificuldades há vários anos”.
A companhia espera agora que “os custos mais altos das uvas corrijam os preços nas prateleiras ridiculamente baixos de alguns vinhos do Douro”. Preços que, segundo Paul Symington, “prejudicam seriamente o futuro da nossa região, colocando-nos no mesmo patamar das regiões vinícolas com custos muito menores, a trabalhar vinhas planas que rendem produções elevadíssimas”.