Sogrape integra consórcio europeu para investigar alterações climáticas
A Sogrape é dona das marcas Ferreira, Offley, Mateus Rosé, Sandeman, Barca Velha, entre outras. Fatura mais de 215 milhões de euros, emprega cerca de mil pessoas e tem 1500 hectares de vinha plantada nas regiões do Douro, Alentejo, Bairrada, Dão e Madeira, mas, também, em Espanha, Chile, Argentina e Nova Zelândia e exporta para mais de 120 países. Esta semana revelou que integra, desde há um ano, o projeto MED-GOLD, com o objetivo de estudar as potenciais ameaças das alterações climáticas em setores agrícolas como o do vinho.
O projeto, que arrancou em dezembro de 2017 e vai durar quatro anos, envolve um investimento de cinco milhões de euros, 100% financiado através do programa Horizonte 2020 da União Europeia (UE). Foi objeto de candidatura por via de um consórcio coordenado pela ENEA – Agência Nacional para as Novas Tecnologias, Energia e o Desenvolvimento Económico Sustentável (Itália) através de dois laboratórios – laboratório de modelação e impactos climáticos e laboratório para a sustentabilidade, qualidade e segurança agroalimentar – e no qual participam a Sogrape, a única empresa portuguesa, a italiana Barilla, que representa o setor das massas alimentícias, e a cooperativa andaluz DCOOP, que representa o setor do azeite.
Esta semana, Miguel Pessanha e António Rocha Graça, respetivamente administrador e diretor de I&D da Sogrape Vinhos, apresentaram o MED-GOLD aos jornalistas: um projeto da UE para a inovação na previsão climática, que visa a criação de ferramentas específicas para o apoio à gestão agrícola das principais culturas do Mediterrâneo: vinha, olival e trigo duro.
O diretor de Inovação e Desenvolvimento da Sogrape, António Graça, referiu que o projeto incide sobre “os três principais setores agroalimentares da bacia mediterrânica”. Explicou, aliás, que as ferramentas desenvolvidas no âmbito desta investigação ficarão “disponíveis para toda a comunidade de utilizadores” e que, apesar de não haver mais empresas portuguesas envolvidas, as universidades de Aveiro, Trás-os-Montes e Alto Douro, Porto e Braga estão colaborar com o projeto. E, “provavelmente, outras se seguirão”, referiu António Graça.
“Numa altura em que o clima se tornou um fator principal de condicionamento da rentabilidade da atividade agrícola, o MED-GOLD tem por objetivo realizar predições sobre os anos agrícolas futuros, permitindo uma melhor gestão do risco destes negócios causado pelas alterações climáticas”, refere a empresa.
Trata-se de “um projeto inédito da UE" que visa a melhoria de prognósticos e de planeamento da gestão agrícola, com economia de recursos como combustíveis ou água e redução do uso de pesticidas, contribuindo para a adaptação do setor agroalimentar às alterações climáticas e para a redução do aquecimento global e, por isso, para os objetivos do desenvolvimento sustentável.