Panificação lança marca coletiva para diferenciar pão tradicional
Após a realização do primeiro congresso internacional, que juntou na Maia cerca de 500 profissionais, a Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (AIPAN) tomou uma decisão: vai lançar uma marca coletiva, para se tornar “ainda mais distintiva” e reforçar as “garantias nutricionais e de qualidade” do pão nacional junto do consumidor.
“Vamos adotar, ainda este ano, uma logomarca e um slogan que nos diferenciem da restante oferta e reforcem o nosso compromisso com os valores históricos inerentes à importância do setor na alimentação dos portugueses, como sejam a saúde e o bem-estar, a confiança e a qualidade e a sustentabilidade e a ética”, disse António Fontes, presidente da AIPAN.
A criação de uma marca comum às cerca de 3800 unidades industriais existentes acima de Aveiro e que, diariamente ou quase, fabricam pão, já “vinha sendo equacionada no seio da associação”. A nova marca incluirá a representação gráfica de um forno tradicional e de um pé de trigo estilizado. Em baixo, o slogan “Em nome do pão”. A intenção da AIPAN é “assumir a nova marca” no Norte do país logo que esteja “estabilizada a estratégia agregadora do setor” após a conclusão do projeto “O futuro da tradição”, ainda em curso e que é cofinanciado pelo programa Norte 2020. Os objetivos passam pelo “reconhecimento da tradição como fator distintivo” da oferta, o reforço da sua “capacidade de inovação” e a “definição das tendências de consumo”.
Vendas de 585 milhões em 2016
A indústria nacional de panificação garante que “está a recuperar da crise”. Em 2016 teve vendas superiores a 585 milhões de euros. E quer apostar numa estratégia de promoção da padaria tradicional para se diferenciar dos produtos embalados, em grande parte originários do estrangeiro, e valorizar a importância do pão na dieta dos portugueses. O setor dá emprego a cerca de 120 mil pessoas e tem a laborar mais de 10 mil unidades industriais, a grande maioria PME e microempresas de base familiar.
Em declarações à “Vida Económica” à margem do congresso, António Fontes assume que as exportações no setor apenas chegam aos 10% e que as importações continuam a ser “uma realidade”. “Continuamos a ser deficitários, ou seja, importamos mais do que exportamos”, mas apenas nas matérias-primas, nos cereais, porque “somos autónomos na produção de pão”. A verdade é que chega a Portugal todos os dias “pão de várias origens, da Europa e, até, de fora da Europa, destinado a vários nichos de mercado, nomeadamente à restauração”.
O presidente da AIPAN estima que entrem, por dia, no nosso país “cerca de 10 toneladas de pão”, pré-congelado, que é sobretudo consumido pelo setor hoteleiro e da restauração. “Alguns grupos económicos, lamentavelmente, estão a optar” por esta solução, diz António Fontes. “Temos de sensibilizar os profissionais destes setores, mostrando-lhes que em Portugal conseguem um produto com um valor nutricional tão bom ou melhor do que aquele que importam de outros países e com a caraterística de, com isso, enriquecer a economia portuguesa”. Essa, garante o empresário, é “a nossa grande preocupação”, porque “já há muitos hotéis a cozer pão feito no exterior”.
No entanto, o dirigente da AIPAN diz que “há boa vontade para dinamizar e promover o pão português, até também para dar uma mostra diferente a quem nos visita”. António Fontes diz que “o turismo está a crescer e o pão é tão fundamental quanto a qualidade do hotel ou da restante alimentação, portanto há aqui uma oportunidade”. O turismo, diz, “pode ser um meio de alavancar esta atitude e valorizar o produto português”.