Retoma pode ser afetada pelas políticas públicas
Os CEO das 250 maiores empresas em Portugal acreditam que, nos próximos três anos, a economia portuguesa será marcada pela retoma, contudo, mostram reservas quanto à capacidade de serem tomadas decisões políticas apropriadas em relação ao progresso económico. Essa poderá ser a razão pela qual identificam as políticas públicas como o maior risco para o seu negócio, ainda assim o contexto atual é favorável e os líderes pretendem adotar estratégias mais expansionistas, suportadas pela aposta em novos produtos e serviços e nos canais digitais. As conclusões são do “CEO Views”, um estudo da Deloitte.
Segundo Jorge Marrão, “partner” e líder de Clients & Markets da Deloitte, estes resultados podem derivar do facto de “o Estado ter um papel interventivo nas questões económicas, o que naturalmente se reflete nas organizações. Isso observa-se ao nível das políticas públicas particularmente relacionadas com as questões regulatórias e a política fiscal. Não podemos também ignorar a importância crescente que a inovação e o desenvolvimento tecnológico têm nas decisões estratégicas das empresas e para o próprio desenvolvimento da economia”.
Sobre a importância do projeto europeu no contexto global, os inquiridos defendem a adoção de uma estratégia de longo prazo (65%), um orçamento europeu que reduza as diferenças competitivas entre países da UE (43%) e uma harmonização fiscal competitiva (38%). A instabilidade geopolítica, a inovação e os desenvolvimentos tecnológicos, o protecionismo são, no entender dos CEO, as tendências globais com maior impacto nos próximos anos. Em sentido oposto, surgem as “smart cities”, a escassez de recursos e as economias emergentes.
Riscos, ameaças e estratégias para crescer
Segundo o CEO Views, as ameaças com maior impacto no crescimento das empresas estão relacionadas com a regulação (62%), o desenvolvimento tecnológico (54%) e a instabilidade fiscal (46%). Ameaças às quais se juntam alguns riscos: impacto das políticas públicas no crescimento económico (94%), o stress no sistema financeiro (62%), a fraca procura interna (62%) e os obstáculos ao recrutamento dos melhores talentos (62%) são outros riscos apontados.
O “CEO Views” é um estudo da Deloitte, realizado no âmbito da 30ª edição do Investor Relations & Governance Awards. Os dados foram recolhidos entre 21 de agosto e 8 de setembro de 2017.