PME pagam taxa de juro média de 3,07%
Apesar do incremento das novas operações de financiamento, o crédito total àeconomia continua a diminuir. De acordo com a última Nota de Informação Estatística do Banco de Portugal, há dias publicada e relativa a outubro, a carteira total de crédito bancário reduziu, contrariando a evolução positiva dos países da Zona Euro. Em Portugal, a carteira total do crédito às empresas reduziu 2,8% em outubro, um registo pior do que em outubro do ano passado, mês onde a quebra foi de 1,7%. Na Zona Euro, a evolução do crédito às empresas foi positiva, com um crescimento de 1,7%. Nos empréstimos a particulares, a redução da carteira de crédito foi de 1%, um valor desfavorável, que compara com uma subida de 3,2% na Zona Euro.
Portugal tem taxas de juro mais baixas no crédito à habitação
Em termos de taxas de juro, as empresas e as famílias portuguesas pagam valores acima da média da Zona Euro. Nas operações até um milhão de euros, a taxa média nas novas operações é de 3,07%, contra 2,17% na zona Euro.
No crédito ao consumo, as famílias estão a ter uma taxa média de 7,23% nas novas operações de crédito, acima dos 5,59% da zona Euro. Pelo contrário, no crédito à habitação as famílias contrataram uma taxa média de 1,53%, abaixo da taxa média de 1,89% paga pelas famílias da Zona Euro.
Mas a vantagem é apenas aparente. Em Portugal, os juros são mais baixos porque estão generalizados os spreads com taxa variável. Pelo contrário, nos países europeus a maioria das famílias opta por taxas fixas com um valor ligeiramente superior, mas ficando salvaguardadas perante as subidas das taxas de juro.
Em comparação, as famílias portuguesas estão mais desprotegidas. Perante a provável subida das taxas de juro do mercado vão ser confrontadas com encargos muito superiores à média da Zona Euro.
Em Portugal, o segmento do crédito ao consumo contraria a queda generalizada das outras áreas. A tendência é de crescimento nos últimos anos e em outubro atingiu 8,4%, ultrapassando a média de 6,7% da Zona Euro.
Crédito às microempresas começa a recuperar
Além do crédito ao consumo, regista-se uma evolução positiva no crédito às microempresas, ou seja, as empresas com menos de 10 empregados. Os dados do Banco de Portugal revelam que em outubro houve um crescimento ligeiro de 0,3%, com mais de 151 milhões de euros da carteira de crédito, após uma queda constante ao longo dos últimos anos. Aliás, as microempresas são a exceção à regra no crédito às empresas. Nas pequenas empresas, o crédito contraiu 3,2%, nas médias empresas a redução foi de 6% e nas grandes empresas a quebra atinge 7,8%.
A recuperação do crédito às microemepresas é um sinal positivo, porque se trata do segmento que tem a maior fatia de crédito bancário às empresas, representando 33% da carteira total de financiamento bancário. Em termos de crédito total concedido, a evolução é mais favorável nas microempresas do que nas empresas exportadoras, onde a carteira global de crédito, a diminuir.
Novas operações de crédito a crescer
O declínio na certeira de crédito bancário, que teve início em 2011/2012, na sequência da intervenção da “troika” e que se manteve após a saída limpa, pode mudar agora com o aumento das novas operações de crédito.
De acordo com o Banco de Portugal, o total de novas operações de crédito ao consumo cresceu quase 20% entre outubro de 2016 e outubro de 2017.
No crédito à habitação, o total de crédito concedido ainda foi inferior ao total das amortizações efetuadas, mas está a crescer a um ritmo que já não acontecia desde 2010.
Entre janeiro e outubro os bancos concederam 6658 milhões de euros em crédito à habitação, o que representa uma subida homóloga de 43,8%. Por comparação, o valor atingido até setembro ultrapassou o total de crédito à habitação em todo o ano anterior.