Bfruit quer 320 hectares de pequenos frutos daqui a dois anos
A icónica pera rocha cedeu o lugar à suculenta framboesa. Nos últimos anos, estas e os demais pequenos frutos (mirtilos, amoras, groselhas e morangos) deram um pulo de crescimento e já são, neste momento, no setor das frutas, “os reis da exportação”.
A expressão é de Fernanda Machado, presidente da Bfruit, organização de produtores (OP) sediada no Norte do país (Morreira de Cónegos) e com entreposto frigorífico em Guimarães, mas que está a expandir para Sul, para Odemira, região onde também já tem um entreposto frigorífico e deverá agregar 100 novos hectares de plantação nos próximos dois anos. “A framboesa é a rainha das frutas. Já ultrapassou a pera rocha. Exporta, sozinha, em valor, mais do que qualquer fruta”, lembra a líder da Bfruit à “Vida Económica” em Madrid, em plena feira Fruit Attraction. Basta atentar na diferença de valor: “a framboesa é vendida a entre quatro e dez euros o quilo e a pera rocha entre os sessenta cêntimos e um euro”.
E os números confirmam-no. Só os pequenos frutos exportaram, sozinhos, o ano passado, 117 milhões de euros (num total de 1310 milhões em todas as frutas, legumes e flores) e, apenas nos primeiros oito meses deste ano, já vão nos 100 milhões de vendas para o exterior, revelou o secretário de Estado da Agricultura, Luís Vieira, durante a visita aos expositores portugueses na feira de Madrid.
Ciente do valor dos pequenos frutos, em particular dos vermelhos, e da sua crescente valorização pelo consumidor, em fresco, e pela indústria (alimentar e até cosmética e farmacêutica), a Bfruit quer crescer cada vez mais. Possui já mais de 130 produtores associados e 220 hectares de plantação, mas os números vão subir. “Estamos a pensar atingir mais 100 hectares de framboesa junto a Odemira nos próximos dois anos”, revela Fernanda Machado. O volume de negócios da OP deverá rondar os oito milhões de euros no final deste ano e os destinos de exportação, esses, vão variados, desde França, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda, os países da Escandinávia e até o Dubai e o Brasil (S. Paulo). “A viagem, do Porto ou Lisboa para S. Paulo demora 11 horas e o produto é entregue a grossistas que o colocam no mercado”.
“Não podemos contar com produtores que não cumprem”
A Bfruit, reconhecida como OP para pequenos frutos em setembro de 2016, está agora à espera desse reconhecimento também para as frutas e legumes. “Esse será o chapéu, para agregar o morango e o kiwi”, revela a presidente, ciente das vantagens de estarem organizados nesse formato. “A primeira é a concentração da oferta e a segunda são os apoios mais vantajosos”, garante a líder da Bfruit, revelando que a OP que lidera acabou de apresentar a sua primeira candidatura ao Programa Operacional, financiado com fundos europeus, que “não está dependente do Orçamento do Estado nacional” e que, se for aprovada, lhe concederá “4,6% a fundo perdido em função dos quatro milhões de euros de VPC - Volume de Produção Comercializada”. Quando vier, esse apoio será para financiar investimentos na “substituição de plantas e em melhoramentos das estufas dos produtores”, garante.
A fechar, Fernanda Machado deixa um esclarecimento e um aviso: “na Bfruit não há accionistas que não sejam produtores”. E, quanto a estes, acionistas ou não, “todos têm de cumprir com o plano de produção”, sob pena de poderem ser “excluídos da OP ou passarem a ser pagos a um valor diferenciado, mais baixo”. “Não podemos contar com produtores que não cumprem”, diz.