Suportes digitais permitem às empresas chegar a mais mercados com maior rapidez;

Carlos Coelho Costa, professor de cinema e audiovisual, afirma
Suportes digitais permitem às empresas chegar a mais mercados com maior rapidez
“A digitalização tem muito mais benefícios do que desvantagens” – considera Carlos Coelho Costa. Em entrevista à “Vida Económica”, o professor do ISMAI, especializado em arte e design, refere que um vídeo perdura no tempo, enquanto um “flyer” em papel tem uma duração limitada, entre muitas outras desvantagens. Ainda que o suporte estático ou impresso continue a existir, estamos no caminho da digitalização.
Vida Económica – A atividade que desenvolve tem uma vertente académica e também uma proximidade com a vertente de comunicação das empresas?
Carlos Coelho Costa –
É importante não esquecer que a vertente artística tem uma forte influência na atividade ligada ao audiovisual, tal como o próprio ensino, e falo por experiência própria. A maior parte dos profissionais da área audiovisual tem formação académica, mas depois esquece que há uma evolução constante das várias linguagens, sejam técnicas ou artísticas. Há uma evolução constante do conhecimento. O facto de estar ligado ao ensino, no âmbito da formação académica, permite-me acompanhar o que de novo se vai fazendo. Por sua vez, estar na área artística possibilita-me estabelecer uma ligação à profissão, na medida em que tem de haver a sensibilidade artística e intelectual das correntes atuais quando se faz um projeto para uma empresa. Lembro que certos padrões utilizados no audiovisual há dois ou três anos são hoje totalmente diferentes. Daí a importância da educação para trabalhar as questões técnicas.

VE – Considera que ainda faz sentido as empresas recorrerem ao uso de suportes em papel ou estáticos para comunicarem ou é algo que está em vias extinção?
CCC –
É uma realidade incontornável que o mercado é cada vez mais digital. O suporte físico está a passar para um segundo plano, não significando que vá acabar. No entanto, o processo nem sempre é simples e algumas empresas têm mais resistência a esta mudança, especialmente as organizações de menores dimensões. Compete-nos também a nós, profissionais, mostrar às pessoas que a digitalização tem muito mais benefícios do que desvantagens. Por exemplo, um vídeo perdura no tempo, enquanto um “flyer” tem uma duração limitada, entre muitas outras desvantagens. O digital permite chegar a muito mais mercados e num espaço de tempo muito mais curto. Inicialmente, um vídeo poderá ser mais caro, mas acaba por ser muito mais rentabilizado. A conclusão é que o digital tem uma maior abrangência a todos os níveis.

Feiras em modo digital

VE – As feiras são um meio importante para as empresas se promoverem. Face ao atual contexto, esse esforço deve ser convertido em novas formas de comunicação?
CCC –
Cada vez mais, o online é a estratégia de comunicação com novos mercados. As feiras, está provado, podem existir no formato digital. Os eventos não deixam de se realizar ou de existir. Os custos são também menores em termos de participação. As empresas podem estar nas feiras sem ser fisicamente, chegando a um maior número de interessados, com custos mais reduzidos.

VE – Mas não deixa de ser essencial transmitir uma imagem adequada aos clientes através do contacto direto?
CCC –
A imagem que se transmite da empresa reflete a qualidade do produto que se pretende vender. No que toca ao audiovisual, é importante desenvolver vídeos curtos, no máximo de 45 segundos, que sejam atrativos, apelativos e com uma mensagem direta e concisa. A imagem e os conteúdos que a empresa cria é também a imagem que passa para o seu produto. Os compradores dão uma importância crescente à imagem da empresa. Ou seja, a imagem está relacionada com a qualidade do produto e da própria empresa.

VE – Ainda em matéria de imagem e de audiovisual, acha que as empresas devem dar mais formação aos seus colaboradores?
CCC –
Admito que há várias atividades que as empresas podem fazer internamente. Por outro lado, contratar os serviços externamente pode ficar bastante dispendioso. Desde logo, os colaboradores devem ser sensibilizados para a importância da imagem a transmitir. Por exemplo, uma empresa pode criar a sua rede social ou o seu canal. É fundamental as empresas mostrarem constantemente o que estão a fazer. Mas há cuidados a ter, devido aos direitos de autor. São aspetos que devem ser transmitidos e ensinados aos colaboradores. Aliás, considero que os administradores, empresários ou gestores também têm de ser sensibilizados ao nível do audiovisual e em termos de imagem. Neste âmbito, caso sejam contratados profissionais, estes devem ter autonomia para trabalhar os conteúdos, com base nos elementos fornecidos pelas empresas. Muitas vezes gastam-se milhares de euros e o resultado não é eficaz. O conteúdo deve ser o resultado de um trabalho conjunto entre as empresas e os profissionais da comunicação.

Perfil

Carlos Coelho Costa é doutorado em Arte e Design pela Universidade do Porto desde 2018. Professor Universitário no Instituto Universitário da Maia desde 2015, investigador no Citei (Centro de Investigação em Tecnologias e Estudos Intermédia) e colaborador no eHeritageLab, Laboratório de Novos Média para o Património da Universidade do Porto desde 2018.
Fundador da Produtora Megalito Média, é realizador e Produtor de Cinema e Televisão, tendo ganho, até ao momento, mais de 160 prémios internacionais de cinema. Tem sido júri em vários festivais de cinema.

 

Susana Almeida, 15/01/2021
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