Sotecnisol Power & Water quer fatia dos mais de mil milhões de investimento previsto nos leilões de energia renovável;

Sotecnisol Power & Water quer fatia dos mais de mil milhões de investimento previsto nos leilões de energia renovável
As energias renováveis encontra-se atualmente com uma dinâmica bastante interessante, a acompanhar a tendente descarbonização da economia nacional e mundial, salienta Filipe Bello Morais. 
Apostada em potenciar o aproveitamento da energia do sol nos telhados das empresas portuguesas, a Sotecnisol Power & Water vai sair da sua zona de conforto e está de olho nos mais de mil milhões de investimento potencial na sequência dos leilões de energia renovável lançados pelo Governo.
Salientando que o mercado nacional de energias renováveis apresenta hoje uma “dinâmica bastante interessante, a acompanhar a tendente descarbonização da economia nacional e mundial”, a empresa do grupo Sotecnisol espera atingir um volume de faturação de 5 milhões de euros este ano e de 7 milhões em 2021. Para tal, a estratégia passa por “consolidar a liderança nas instalações industriais para autoconsumo” e apostar na “construção dos parques fotovoltaicos de maior dimensão”.
O mercado nacional de energias renováveis encontra-se atualmente com uma “dinâmica bastante interessante, a acompanhar a tendente descarbonização da economia nacional e mundial”, começa por dizer à ’Vida Económica’ Filipe Bello Morais. 
Segundo o diretor-geral da Sotecnisol Power & Water, cada vez mais a utilização da energia solar para produção de energia, quer térmica quer elétrica, é uma “ação natural da sociedade em geral, quer numa lógica doméstica quer numa lógica industrial”, tendo em “conta os benefícios ambientais, económicos e financeiros que se obtêm”. 
Afirmando que as tecnologias solares, entre si, estão em patamares de maturidade técnica bastante diferentes, têm dinâmicas de negócio e aplicações também bastante díspares, o responsável assegura, porém, que ambas têm “um enorme potencial de penetração nas respetivas aplicações alvo”. 
Na verdade, de acordo com alguns dos estudos mais recentes, estima-se que, nos próximos anos, a potência instalada em solar fotovoltaico “cresça anualmente a dois/três dígitos”, o que representa um investimento global anual superior a 1,2 mil milhões de euros. Da mesma forma, para cumprir as metas do Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis (PNAER) em 2030 (80% de eletricidade renovável), estima-se um investimento anual da ordem dos 2 mil milhões de euros em tecnologias de produção.
 
Fotovoltaica é a tecnologia mais competitiva na produção de eletricidade
 
Questionado sobre como viu os resultados do recente leilão de energia solar que fez história ao registar um novo preço mínimo a nível global, Filipe Bello Morais adianta que estes foram, em primeiro lugar, “surpreendentes face ao nível de agressividade das propostas em concurso, o que significa que a tecnologia fotovoltaica é já, atualmente, a tecnologia mais competitiva na produção de eletricidade”. 
Para o responsável, esta situação decorre de três aspetos essenciais: o baixo custo da tecnologia; o elevado nível de previsibilidade, quer técnico quer de recurso (solar) e o baixo custo de capital. Contudo, é “absolutamente essencial garantir que os valores praticados são sustentáveis, assentes em instalações de boa qualidade e produtividade, e não fruto de modelos financeiros apenas vislumbráveis no Excel”. 
Ainda assim, o diretor-geral admite que a Sotecnisol Power & Water possa participar nos próximos leilões de dezembro, ao lado das gigantes energéticas nacionais e internacionais. Contudo, antes disso, a empresa quer vender os seus serviços de instalação de painéis solares fotovoltaicos aos vencedores dos primeiros leilões que ocorreram em julho. 
Para Filipe Bello Morais, os impactos mais positivos resultantes deste leilão serão claramente a “disseminação da tecnologia num país com recurso solar de exceção e a dinâmica empresarial que se irá criar à volta dos mesmos”, desde proprietários de terrenos, empresas instaladoras, de operação e manutenção, setor financeiro, segurador, entre outros. Todavia, o nível de “preços mínimos atingidos irá impor sobre os projetos uma forte pressão nos preços praticados a todos os níveis, o que poderá por em perigo a sustentabilidade das empresas prestadoras de serviços, por um lado, e a qualidade das instalações, por outro”.
Por esse motivo é “muito importante que o mercado das instalações de pequena/média dimensão, nomeadamente as instalações para autoconsumo, tenha presente que os preços atingidos no leilão não são realistas para estas instalações, sob pena de entrarmos numa dinâmica recessiva neste segmento”.
 
Volume de negócios de 7 milhões de euros é o objetivo para 2021
 
Depois de um período de forte contração, fruto da crise económica, a Sotecnisol Power & Water efetuou já, desde 2009, mais de 500 instalações, que equivalem a cerca de 50 MW de potência instalada. “Seremos seguramente um dos maiores players neste setor em Portugal”, frisa Filipe Bello Morais. 
“A nossa estratégia tem passado por desenvolvermos in-house competências técnicas de excelência, ao nível da engenharia/dimensionamento das instalações, da capacidade e qualidade de execução das mesmas e do serviço de operação e manutenção que, combinado com uma alarmística “state of the art”, é absolutamente vital para o cumprimento dos objetivos de performance das instalações”. Por outro lado, aspetos com a “nossa situação financeira ímpar, o facto de sermos a maior empresa a trabalhar em coberturas em Portugal, as certificações ISO 9001 (qualidade) e ISO 18001 (segurança) são, entre outros, aspetos que diferenciam qualitativamente a nossa oferta”, reforça. 
Por tudo isto, os objetivos da empresa apontam para um volume de faturação de 5 milhões de euros este ano e de 7 milhões em 2021. Para tal, a estratégia passa, por um lado, por consolidar a liderança nas instalações industriais para autoconsumo nomeadamente em coberturas, reforçando a sua oferta cruzada com as soluções internas de impermeabilização e de substituição de coberturas com amianto, potenciar soluções financeiras ambiciosas aos clientes que pretendem obter os benefícios das instalações fotovoltaicas sem alocarem investimento, diversificar a nossa oferta de parqueamento solar, entre outros. Por outro, a empresa pretende igualmente por apostar na construção dos parques fotovoltaicos de maior dimensão, tendo em conta a presença local, com escritórios e armazéns em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro, a utilizar também para uma resposta local ao nível da operação, manutenção e alarmística das mesmas.
Falando sobre a importância dos mercados externos, o responsável assegura que a Sotecnisol Power & Water “acompanha os mercados internacionais desde há algum tempo, em linha com a restante empresa, estando atenta às oportunidades que surgirem”. “Naturalmente que olhamos com mais interesse para as geografias onde já estamos presentes nos setores mais tradicionais da empresa, nomeadamente Angola, Moçambique, Argélia, Costa do Marfim e Espanha. Sendo este um setor que está em fase de arranque, nomeadamente em África, e com um enorme potencial de crescimento, certamente faremos parte deste futuro que está agora a começar”, finaliza o diretor-geral da Sotecnisol Power & Water.     
FERNANDA SILVA TEIXEIRA fernandateixeira@vidaeconomica.pt, 19/09/2019
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