É essencial motivar os jovens a investir o seu talento numa empresa;

Michael Page apresenta estudo “Atrair o Talento do Futuro”
É essencial motivar os jovens a investir o seu talento numa empresa
Os profissionais movem-se por projetos, pela sua motivação pelos mesmos, sempre que sintam que podem continuar a crescer, a aprender e a gerar valor acrescentado para a organização que representam, salienta Álvaro Fernandez.
As empresas deverão “compreender o que motiva os jovens a investir o seu talento numa empresa e promover os seus valores e cultura de forma a “atrair colaboradores alinhados com os seus ideais” e “aumentar a probabilidade de encontrar a pessoa certa”, salienta Álvaro Fernandez, diretor-geral da Michael Page Portugal.
 
Existe uma crescente necessidade de adaptação das empresas para melhor beneficiarem do talento dos seus colaboradores, conclui o estudo “Atrair o Talento do Futuro”, realizado pela consultora Michael Page em vários países da Europa, incluindo Portugal, para analisar o futuro do recrutamento e a relação das pessoas com o trabalho nas empresas.
As “características do recrutamento e atração de profissionais altamente qualificados estão a mudar e a evoluir para novos paradigmas, mais fluídos e flexíveis, exigindo uma rápida capacidade de adaptação e pensamento criativo e inovador”. Da mesma forma, as organizações “abandonam cada vez mais os modelos de trabalho rígidos e fechados, promovendo um ambiente de crescente transversalidade”, afirma Álvaro Fernandez.
Em declarações à ‘Vida Económica’, o diretor-geral da Michael Page Portugal explica que este novo contexto faz com que, para atrair candidatos de topo, seja essencial “compreender o que os motiva a investir o seu talento numa empresa”. Assim, o empregador “deve promover claramente os seus valores e cultura. Desta forma, conseguirá atrair colaboradores alinhados com os seus ideais, aumentando a probabilidade de encontrar a pessoa certa”. Neste contexto, o responsável aponta ainda que “a inteligência emocional, flexibilidade, adaptabilidade e rápida aprendizagem serão competências fundamentais”.
Por outro lado, acrescenta Álvaro Fernandez, o constante desenvolvimento de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, “poderá tornar algumas competências obsoletas e, em maior ou menor grau, irá afetar todo o tipo de função”. Assim, se, por um lado, a automatização de tarefas repetitivas e baseadas em dados “irá levar à criação de novos tipos de emprego”, por outro, dado que os desenvolvimentos tecnológicos têm o potencial de substituir os colaboradores, estes “deverão requalificar-se profissionalmente”. 
Já dos empregadores espera-se que forneçam métodos de aprendizagem e facilitem o desenvolvimento de novas competências. As organizações que “não dão apoio à melhoria das competências correm o risco de ficar para trás, já que os colaboradores privilegiam aquelas que o fazem”. “Programas de aprendizagem podem ajudar na retenção e permitem às organizações preencher lacunas em termos de competências. Como tal, podemos esperar que as empresas invistam em melhorar constantemente as competências dos seus colaboradores para ajudar as pessoas a mudar-se para novas funções e novos cargos”, frisa o diretor-geral da Michael Page Portugal. 
 
“Emprego para a vida” tem hoje “muito menos relevância “
 
“O emprego para a vida” tem hoje “muito menos relevância que no passado”, afirma Álvaro Fernandez. Segundo o diretor-geral da Michael Page Portugal, “Os profissionais movem-se por projetos, pela sua motivação pelos mesmos, sempre que sintam que podem continuar a crescer, a aprender e a gerar valor acrescentado para a organização que representam”. Nesse contexto, a Michael Page “procura alertar os seus clientes para a necessidade de otimizar os anúncios de emprego, num mundo que exige cada vez mais transparência. Os candidatos devem conseguir compreender, através do anúncio, qual será a sua função, missão e o que podem esperar ao trabalhar na empresa”.
E são muitos os fatores de motivação e benefícios laborais valorizados pelos jovens. Promoção da cultura e valores da empresa, flexibilidade laboral, equilíbrio entre vida familiar e profissional, trabalho remoto e benefícios sociais, como ginásio, seguro de saúde, seguro de vida ou plano de pensões. Assim, “reunir um pacote de benefícios competitivo pode atrair um conjunto de profissionais qualificados, que procuram um plano de carreira a longo prazo e não apenas um salário elevado no imediato”, adianta o responsável 
Álvaro Fernandez destaca ainda o crescente e inevitável impacto da tecnologia nas novas formas de trabalhar. As empresas “irão disponibilizar cada vez mais telemóveis, portáteis e, ocasionalmente, tablets aos colaboradores. O trabalho remoto ganhará cada vez mais relevância, permitindo que os colaboradores trabalhem fora do escritório, gerindo e controlando a sua agenda da forma mais eficiente para si e para a empresa. 
Quando confrontado até que ponto as empresas nacionais têm consciência destas mudanças, o responsável assume que, no “nosso quotidiano de trabalho, encontramos todas as realidades”. “Se há empresas ainda conservadoras, que não estão a adaptar-se à nova realidade, há também organizações com uma grande sensibilidade para as novas formas de atrair e reter talento. O que é claro é que são estas últimas que estão a conseguir recrutar os melhores profissionais, pois, indo de encontro às suas novas expetativas, tornam-se muito mais atrativas para os candidatos”. 
Contudo, em algumas áreas e setores de atividade, começa a “haver alguma escassez de talento especializado”, pelo que “poderá ser difícil atrair os melhores profissionais para uma empresa”. Por isso, a Michael Page aconselha as empresas a diferenciarem-se, através da “definição e disseminação transparente de uma forte cultura empresarial, um plano de progressão de carreira bem definido e um pacote de ‘fringe benefits’ diversificado, que não descure temas que se encontram na ordem do dia como saúde ou flexibilidade”, remata.
 
2019 deverá manter um bom dinamismo
 
O crescimento da economia nacional registado no último ano resultou também na evolução positiva da divisão de Sales & Marketing da Michael Page. Marcado por uma grande procura das empresas de tecnologia e serviços por funções de desenvolvimento de negócio como Inside Sales, esta unidade registou em 2018 um crescimento de cerca de 17%. 
No sector da hotelaria, devido à rápida expansão de grupos hoteleiros, funções como General Manager e Spa Manager/Directors ganharam igualmente relevância, o que se traduziu num aumento de 10 a 15% nas remunerações nesta área. Já a área de Tax & Legal aumentou a sua faturação em 40% face a 2017, sendo que 45% do volume de negócios diz respeito e recrutamentos em sociedades de advogados, 30% em empresas e 25% em consultoria fiscal. 
Contudo, o destaque em 2018 vai para as áreas de Shared Services Centers, HR, Finance e Legal que tiveram um impressionante crescimento de 52%. Já a área de Tecnologias da Informação cresceu 56% no mesmo período. 
Para este ano, existem alguns índices que apontam para um ligeiro abrandamento da economia, que, ainda assim, deverá manter um bom dinamismo. Transversal a todas as áreas será a evolução salarial positiva, com os profissionais a valorizarem cada vez mais os “fringe benefits”. Serão criadas oportunidades sobretudo nas áreas as TI, Hotelaria e Turismo, “Shared Service Centers”, “Customer Care” e Retalho. O sector dos Seguros e Investment Banking continuarão dinâmicos, enquanto que o de Consumer Finance registará um abrandamento. 
Os perfis comerciais continuarão a registar uma grande procura, especialmente nos setores de tecnologia, startups e serviços em geral. Existirá ainda um maior investimento nas áreas de desenvolvimento de RH, como a formação e a avaliação de desempenho. Pela complexidade técnica e legislação associada, as áreas de Relações Laborais e Payroll registarão também uma maior procura. 

Recrutamento na área tecnológica 
tende a aumentar
 
Surgirão novas oportunidades de emprego em posições que combinem as funções tradicionais de Finance & Human Resources com idiomas (não tradicionais) como alemão, holandês, grego, castelhano e mandarim. Na área Legal, advogados com experiência pós-agregação entre dois e cinco anos nas áreas de Corporate/M&A, Bancário e Financeiro, Fiscal, Imobiliário, Urbanismo, TMT/Data Protection, Direito Laboral e Contencioso Civil e Comercial serão os mais procurados. O setor financeiro continuará a ter necessidades ao nível de “compliance” devido à regulação comunitária e nacional, o que poderá levar a um reforço dos departamentos jurídicos. Verificar-se-á igualmente um acréscimo no recrutamento da figura de Data Protection Officer, fruto das leis do RGPD.
Face ao crescimento do e-commerce e do digital, as organizações irão apostar no recrutamento de profissionais para os seus departamentos de Compras e Logística. Na área das TI, perfis técnicos, de gestão de projeto e de coordenação de áreas, serão, por sua vez, os mais procurados.

 


FERNANDA SILVA TEIXEIRA Fernandateixeira@vidaeconomica.pt, 11/07/2019
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