Independentes da Família Empresária no Conselho de Administração da Empresa Familiar;

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES
Independentes da Família Empresária no Conselho de Administração da Empresa Familiar
Ao falar de empresas familiares, considera-se de imediato uma entidade controlada e liderada por uma família, onde a presença do fundador é muito marcante (mesmo que já tenha falecido) e onde se identifica o mesmo apelido de família nos membros da sua administração.
 
A incorporação de membros não familiares nos órgãos de gestão é já uma realidade em muitos casos, reconhecendo-se que tal influência externa é benéfica. Pessoas independentes da família empresária aportam experiências diversificadas que podem ser valiosas para o desenvolvimento da empresa.
O estudo “Global family business survey 2019”, desenvolvido pela Deloitte, em 2019, analisou a composição dos Conselhos de Administração, tendo obtido os seguintes resultados:
  • 61% integram membros independentes, sendo que em 29% dos casos eles estão mesmo em maioria;
  • 24% só possuem membros familiares;
  • 15% não possuem mesmo uma Administração formal.
Algumas das vantagens associadas à existência dos membros independentes, nas administrações das empresas, podem ser encontradas na inexistência de ligações emocionais que permitem perspetivas mais frias e realistas, em especial em assuntos como a sucessão, a remuneração de familiares a trabalhar na empresa, a resolução de conflitos entre familiares, etc.
Acrescem ainda dois aspetos influentes nas administrações com membros não familiares: o cumprimento dos requisitos formais inerentes à existência do órgão (convocatórias, documentação, atas, …) e a forma de relacionamento entre os membros e o desenvolvimento dos trabalhos nas reuniões.

BIAL foi fundada em 1924 por Álvaro Portela e tem tido uma sucessão na sua liderança assegurada pelos filhos: António Emílio Portela, em 1962 (38 anos); Luís Portela, em 1979 (17 anos) e António Portela, em 2011 (32 anos). 
O crescimento sustentado, em especial nos últimos quarenta anos, levou a uma profissionalização do laboratório, sendo na atualidade gerido por um Conselho de Administração constituído por 8 membros, dos quais:
  • Família Portela: 3 em 8 – Luís (pai) António (filho) e Miguel (filho)
  • Não Executivos: 1 em 2 – Luís (Chairmain)
  • Executivos: 2 em 6 – António (CEO) e Miguel
  • Independentes: 5 em 8
Em 1994 surge a Fundação BIAL, em conjunto com o Conselho de Reitores das Universidade Portuguesas, com a missão de incentivar o estudo científico do ser humano saudável, tanto do ponto de vista físico como espiritual. É gerida por representantes deste Conselho e dos laboratórios BIAL, tendo um Conselho de Administração composto por 5 membros, dos quais:
  • Família Portela: 2 em 5 – Luís (pai) e Miguel (filho)
  • Não Executivos: 1 em 2 – Miguel
  • Executivos: 1 em 3 – Luís (Presidente) 
  • Independentes: 3 em 5
Duas entidades distintas, mas com a mesma filosofia de governo: a família surge em número minoritário em qualquer dos seus órgãos gestores.

Temas para reflexão:
  • Estamos preparados para atuar de forma profissional e integrar membros externos na administração da empresa?
  • Em que medida beneficiaremos com a entrada de membros não familiares na gestão?
  • Que perfil devem ter essas pessoas independentes?

António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.pt
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@empresasfamiliaresdesucesso
 

Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
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