Eleições à porta;

Eleições à porta
As eleições para a Ordem dos Contabilistas Certificados têm dia marcado. E estas não são umas eleições como as outras. De facto, dá-se início a um novo ciclo, não só da instituição, como da própria profissão. É uma realidade que muito mudou ao longo dos últimos anos, mas não é menos verdade que os desafios agora são bastante mais exigentes. As entrevistas já realizadas pela “Contabilidade & Empresas” a potenciais concorrentes revelam claramente que há fortes intenções de mudança. E esta tem de ser muito rápida, sob pena de o contabilista certificado ficar fora de contexto.
A Ordem precisa de profundas alterações, até porque a atual situação não é mais comportável. Não restam quaisquer dúvidas de que é necessário garantir uma muito maior eficiência a todos os níveis, sobretudo através de uma flexibilização de processos. As despesas suportadas têm de ser reduzidas, o que terá de acontecer por via de uma modernização efetiva. Ainda que tal possa significar um maior recurso às novas tecnologias. Os membros queixam-se, com alguma frequência, que a Ordem não os apoia o suficiente. Ora, tal não pode acontecer. A instituição tem de “viver” para os seus membros e em função destes. Sendo a maior ordem do país, tem responsabilidades acrescidas, até porque os fluxos de dinheiro são avultados, à custa do sacrifício dos seus profissionais.
Mas há outros desafios de outra ordem, de caráter menos corporativo. É que a profissão continua sob forte pressão, um reflexo da crise financeira, em que não faltaram os escândalos. O contabilista certificado é visto hoje de forma muito diferente de há uma década. Não é por acaso que lhe são imputadas cada vez mais responsabilidades. Não só por parte dos utilizadores dos seus serviços. A Autoridade Tributária tem exigências crescentes, a que se juntam as “desconfianças” do poder político. Não é fácil lidar com a constante instabilidade fiscal e contabilística. Os profissionais têm de estar atentos a toda uma série de fatores externos.
O facto de existir mais de uma lista para as eleições a bastonário é revelador de que existe interesse dos membros em terem um papel ativo na vida da sua entidade reguladora. É também interessante verificar que têm surgido algumas ideias dignas de atenção. Mas que não se pense que a liderança desta casa será fácil. Bem pelo contrário, há muito por fazer e, sobretudo, há que saber defender os interesses de uma profissão que nem sempre tem sido entendida ao longo dos tempos. O pontapé de saída foi dado, agora há que saber conduzir uma estratégia de bom senso e de entrega.
Guilherme Osswald guilhermeosswald@vidaeconomica.pt, 06/11/2017
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